A transformação do conhecimento em produtos digitais deixou de ser uma tendência para se tornar uma realidade consolidada no Brasil. Com o avanço da digitalização e o aumento da busca por especialização fora dos modelos tradicionais, empreendedores passaram a encontrar no ensino online uma forma eficiente de escalar receita. Estudo da Research and Markets projeta que o mercado global de e-learning deve ultrapassar US$ 457 bilhões até 2026, impulsionado por plataformas acessíveis, alta demanda por capacitação e estratégias cada vez mais refinadas de marketing;
Mais do que ter domínio técnico sobre um assunto, transformar conhecimento em negócio exige clareza na definição do público, estrutura didática sólida e estratégias de aquisição e retenção. Casos como o de Matheus Beirão, fundador da Queima Diária, ilustram como esse modelo pode ganhar escala mesmo sem capital de risco. A plataforma, inicialmente focada em programas de treino online, alcançou R$500 milhões em faturamento com uma operação baseada em dados, marketing de performance e funis otimizados.
De expertise a receita previsível
Criar um curso digital ou mentoria deixou de ser apenas uma forma de renda extra para se tornar a base de negócios lucrativos. A lógica é simples: especialistas constroem conteúdo que resolve problemas reais, vendem de forma direcionada com tráfego pago e mantêm a audiência engajada com entregas consistentes. No entanto, o que diferencia quem se sustenta no longo prazo é a profissionalização da jornada — desde a precificação e plataforma escolhida até a nutrição da base e o suporte ao aluno.
Segundo Beirão, o segredo está em dominar os dados do negócio. “Não adianta ter um conteúdo bom se você não sabe quanto custa atrair um cliente, quanto ele deixa ao longo do tempo e como manter essa equação saudável. Foi isso que nos permitiu crescer de forma consistente, sem depender de investidores”, explica.
O marketing como base de escalabilidade
O que antes era tratado como um projeto paralelo ganhou status de estrutura empresarial. Muitos empreendedores que hoje atuam no mercado digital estão investindo em equipes próprias de mídia, times de suporte e sistemas automatizados de entrega e retenção. A Queima Diária, por exemplo, desenvolveu seu próprio ecossistema digital com aplicativos, central de analytics e sistemas internos de pagamento — tudo alinhado a uma estratégia de marketing de alta performance.
Para 2025, a expectativa é de que o setor de infoprodutos avance ainda mais na direção da previsibilidade: produtos recorrentes, mentorias contínuas e formatos híbridos que unem comunidade e entrega de conteúdo devem se fortalecer. Nesse cenário, conhecimento deixa de ser apenas conteúdo e passa a ser modelo de negócio — desde que operado com foco, dados e consistência.
Beirão reforça que quem deseja empreender no setor precisa tratar o conhecimento como um ativo com valor de mercado. “O primeiro passo é sair da mentalidade de hobby e entender que vender um curso exige tanta estrutura quanto qualquer outro negócio. Autoridade, consistência e clareza na entrega fazem toda a diferença para escalar de verdade”, conclui.