HemArtiklarO software deixou de ser ferramenta e se tornou infraestrutura do mundo

O software deixou de ser ferramenta e se tornou infraestrutura do mundo

O software deixou de ser apenas uma ferramenta de apoio e se consolidou como a linguagem que estrutura a sociedade contemporânea, moldando desde as ações mais triviais do cotidiano até os processos mais complexos de governos, corporações e instituições. Por trás da interface amigável de um aplicativo ou da precisão de um sistema automatizado, existe um fenômeno em constante expansão, onde a demanda por software é, em essência, infinita. Sua presença ubíqua revela um crescimento contínuo que parece não ter limites, permeando mercados financeiros, redes corporativas e sistemas governamentais ao redor do mundo.

Durante décadas, a criação de soluções digitais esteve restrita a grandes empresas com orçamentos robustos e equipes numerosas. A lógica era de escassez, em que cada projeto precisava justificar altos custos e prazos extensos. Esse cenário começou a se transformar com a disseminação da inteligência artificial generativa, das plataformas low-code e no-code e de modelos de linguagem avançados. A barreira entre ideia e implementação foi drasticamente reduzida, permitindo que um protótipo funcional surja em dias e não mais em meses.

Esse movimento é tão significativo que o mercado global de plataformas de desenvolvimento low-code, avaliado em US$ 28,75 bilhões em 2024, deve alcançar US$ 264,40 bilhões até 2032, crescendo a uma taxa anual composta de 32%, segundo relatório da Fortune Business Insights. A cada problema solucionado, novos contextos emergem, gerando novas necessidades. Um sistema de atendimento automatizado, por exemplo, logo evidencia a demanda por integração com CRMs, análise de sentimentos e personalização de fluxos.

No entanto, esse ritmo acelerado também levanta desafios importantes. A democratização do desenvolvimento e a dependência crescente de IA podem gerar riscos de segurança, desigualdade tecnológica e obsolescência rápida de profissionais que não se adaptam às novas ferramentas. Além disso, a pressão por soluções rápidas pode comprometer a qualidade e a sustentabilidade de softwares críticos, expondo empresas e usuários a vulnerabilidades técnicas e éticas. O crescimento exponencial exige, portanto, atenção à governança digital, à capacitação de talentos e ao desenvolvimento responsável da tecnologia.

Diante disso, a inteligência artificial ocupa papel central nesse movimento, já que mais do que acelerar o processo de desenvolvimento, ela redefine a prática de criar software. Ferramentas baseadas em modelos de linguagem são capazes de escrever código, sugerir arquiteturas, corrigir falhas e até desenhar fluxos de interação. Isso altera o perfil do desenvolvedor, que passa a atuar de maneira mais estratégica e criativa, delegando atividades operacionais a sistemas de apoio inteligentes.

Ao reduzir drasticamente o custo de desenvolvimento, a IA também democratiza o acesso a tecnologias sofisticadas. Recursos antes disponíveis apenas para grandes corporações, como ERPs sob medida ou algoritmos de recomendação, tornam-se acessíveis a pequenas empresas, startups e organizações sem fins lucrativos. O resultado é a ampliação da base de inovadores, capazes de lançar soluções que antes eram inviáveis econômica ou tecnicamente.

Esse processo reforça o papel desse sistema como infraestrutura invisível, mas indispensável, comparável à eletricidade e à própria internet. De sensores urbanos a sistemas hospitalares, de redes sociais a plataformas financeiras, praticamente toda atividade moderna depende do sistema para funcionar com eficiência, escalabilidade e segurança. Isso significa que a evolução tecnológica de setores emergentes, como biotecnologia e robótica, continuará condicionada ao avanço das soluções digitais.
 
O avanço gera um ciclo virtuoso, onde a tecnologia facilita o desenvolvimento, a inovação também acelera e novas demandas surgem em sequência. A velocidade desse movimento gera uma espiral de abundância digital, em que a própria criatividade humana, potencializada por IA, se converte em combustível para a produção de software em escala inédita.

Portanto, a demanda por software tende a permanecer ilimitada, porque cada solução gera novos desafios e oportunidades. A inteligência artificial não substitui o desenvolvedor, mas amplia sua capacidade de criar. O horizonte que se abre não representa o fim de um ciclo, mas o início de uma era em que os limites da criação digital deixam de ser barreiras definitivas e passam a ser apenas pontos de partida, desde que saibamos gerir os riscos, treinar profissionais e manter a tecnologia como aliada do desenvolvimento responsável.

Fabio Seixas
Fabio Seixas
Med över 30 års erfarenhet av teknik och digitala affärer är Fabio Seixas entreprenör, mentor och mjukvaruutvecklingsspecialist. Grundare och VD för Softo, ett mjukvaruhus som introducerade konceptet DevTeam som en tjänst, har Fabio skapat och regisserat åtta internetföretag och mentorat mer än 20 andra. Hans karriär inkluderar expertis inom digitala affärsmodeller, tillväxthackning, molninfrastruktur, marknadsföring och onlineannonsering.
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