O calendário do varejo já trata a Black Friday como uma temporada e não como um único dia. A cada edição cresce o faturamento, o volume de pedidos e o apetite do consumidor. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), a Black Friday de 2025 deve faturar 15% a mais que o ano anterior, chegando a R$ 15 bilhões. Uma pesquisa da OpinionBox afirma que 61% dos consumidores pretendem comprar na data, e em 2024 eram 55%.
As projeções indicam uma edição forte neste ano, o que exige preparação com meses de antecedência, não improvisos na semana anterior. A leitura é simples: se a demanda sobe, a operação precisa estar pronta para absorver picos sem deixar rastro de atraso, erro de expedição ou promessa descumprida.
O planejamento começa com dados. Quem guarda o histórico da própria Black Friday sabe de onde parte. A estimativa de volume pode nascer de uma conta objetiva, usando a média de anos anteriores ajustada pelo crescimento esperado. Com esse número, o lojista confronta a capacidade real e define o que precisa ser reforçado. A conversa com as transportadoras deve ser franca. O transportador precisa dizer até onde vai, que janela de coleta consegue cumprir, que limites podem estourar. Eventuais parceiros extras entram nessa fase, com prazos e metas amarrados por escrito.
Dentro de casa, o estoque pede revisão física e lógica. Inventário em dia, endereçamento claro e produtos de maior giro posicionados perto das áreas de separação e despacho. Treinamento de equipes fecha o bloco básico. Processo bem explicado, simulações de pico e líderes atentos a gargalos fazem a diferença.
Na sexta e nos dias anteriores vale operar com leitura em tempo real. Painéis atualizados a cada minuto evitam cegueira gerencial. Taxa de conversão, tempo de picking, fila de expedição, nível de ocupação de docas e performance de cada rota precisam estar à vista. Diante de qualquer desvio, a intervenção deve ser imediata, com ajustes de equipe, priorização de pedidos sensíveis e redistribuição de rotas.
Entrega e pós-venda definem a memória do consumidor. O transporte é o ponto mais sensível da temporada. Misturar modais e prazos dá elasticidade para atender diferentes perfis de pedido. Quando houver frota própria, roteirização com algoritmo e acompanhamento por telemetria evitam curvas de tempo desnecessárias. O cliente quer ver o pedido andar no mapa, entender estimativa de chegada e receber aviso claro em caso de imprevisto. Transparência reduz atrito e derruba a chance de cancelamento.
A logística reversa cresce junto com o pico de vendas. A política de devolução precisa ser simples, com caminhos objetivos e prazos definidos. O processo deve rodar sem fricção, com etiqueta de devolução clara, ponto de entrega acessível e confirmação rápida do recebimento. Uma reversa bem desenhada é parte do serviço e um argumento de retenção.
Planejar é pensar antes de executar. Exige simulação de cenários, disciplina para testar, humildade para ajustar. Quem antecipa gargalos chega à reta final com margem de manobra. Já quem improvisa, corre atrás do prejuízo com a vitrine aberta. A diferença aparece no sábado de manhã, quando a operação acorda inteira e o cliente segue comprando com confiança.

