A chegada do Pix por aproximação em 2025 reacendeu a atenção sobre o papel da infraestrutura de pagamentos no e-commerce brasileiro. A novidade demonstra o ritmo acelerado de inovação no setor e evidencia como mudanças aparentemente técnicas afetam diretamente a experiência do consumidor. Segundo o Banco Central do Brasil, o Pix já reúne mais de 165 milhões de usuários e supera 3,5 bilhões de transações mensais, consolidando-se como um dos métodos preferidos do público, um contexto que deixa ainda mais claro como qualquer evolução no meio de pagamento repercute no varejo digital. Porém, mais do que destacar um novo método, esse movimento mostra que o gateway de pagamento se tornou parte essencial da estratégia de marca, conversão e credibilidade das lojas online.
O varejo digital evoluiu em atendimento, logística e comunicação, mas o checkout ainda é um dos pontos mais críticos da jornada. É no momento do pagamento que o consumidor faz a avaliação final sobre confiança e praticidade. Se o processo parece pouco seguro, limitado, lento ou incompatível com os métodos preferidos do público, a fricção se traduz imediatamente em abandono de carrinho, mesmo quando todo o restante da jornada funcionou bem. Esse efeito é ainda mais acentuado em um ambiente mobile que já concentra mais de 60% das compras online no país, segundo dados da Ebit | Nielsen, onde qualquer redirecionamento ou travamento se transforma em desistência imediata.
Os gateways modernos deixaram de ser meras integrações. Eles concentram dados estratégicos sobre taxas de aprovação, rejeição, comportamento de compra e desempenho de cada método, oferecendo visibilidade que antes ficava presa a adquirentes ou dispersa em sistemas paralelos. Essas informações impactam diretamente decisões de marketing e performance: revelam gargalos, ajustam expectativas de conversão, ajudam a calibrar campanhas e permitem análises mais realistas do funil. Estudos de desempenho de mercado divulgados por adquirentes como Cielo, Stone e Getnet, além de levantamentos técnicos da Abecs, mostram que a diferença entre uma infraestrutura de pagamentos otimizada e outra sem qualquer ajuste pode chegar a até 15% na taxa de aprovação das transações com cartão, um impacto que muda completamente o resultado de campanhas digitais.
Ao mesmo tempo, a escolha do provedor comunica posicionamento. A compatibilidade com plataformas, as tarifas, os mecanismos antifraude e a variedade de métodos aceitos influenciam tanto a operação quanto a percepção do consumidor. Em um país onde cartão, boleto, Pix, carteiras digitais e links convivem no mesmo carrinho, limitar opções é perder vendas potenciais. E o próprio visual do checkout reforça credibilidade no instante em que o consumidor decide comprar. Essa confiança reduz ansiedade e aumenta a eficiência do investimento em mídia, já que menos clientes desistem na última etapa.
No mobile, esse impacto se intensifica. Como grande parte das compras ocorre via smartphone, funcionalidades recentes, como o Pix por aproximação, ampliam a expectativa de agilidade e simplicidade. Mas elas só entregam plenamente quando amparadas por uma infraestrutura moderna, estável e bem integrada. A inovação aparece na superfície, mas o que sustenta a boa experiência é o gateway.
Diante dessa realidade, é fundamental que gestores revisitem seus provedores de pagamento com rigor. É necessário avaliar custos, métodos aceitos, prazos de liquidação e, principalmente, o acesso a dados transacionais que possam dialogar com o marketing. Mas aprimorar a infraestrutura não basta: o consumidor precisa perceber isso. Mensagens claras sobre segurança e rapidez e a presença de elementos visuais confiáveis no checkout reforçam a sensação de que a marca oferece uma experiência consistente e profissional.
O debate sobre o Pix por aproximação reforça a direção para a qual o mercado caminha e conecta todos esses pontos. A infraestrutura de pagamentos deixou de ser uma camada distante da estratégia e passou a influenciar diretamente competitividade, conversão e percepção de marca. À medida que novas tecnologias surgem e a pressão por eficiência aumenta, decisões que antes eram vistas como meramente técnicas agora moldam resultados de negócio. As marcas que entenderem essa mudança e integrarem o pagamento ao centro da experiência digital terão mais capacidade de transformar inovação em vantagem real no e-commerce brasileiro.
*Especialista em comércio eletrônico e experiência do consumidor, Alan Ribeiro atua há mais de uma década analisando estratégias digitais e acompanhando tendências do varejo online. Dedica-se a estudar como tecnologia, comportamento de compra e eficiência operacional podem transformar resultados e fidelizar clientes no ambiente virtual.

