Com orçamentos cada vez mais apertados, muitas empresas estão percebendo que reduzir custos não é suficiente. É preciso adotar uma abordagem estratégica que conecte diretamente investimentos em tecnologia aos resultados de negócio, e é aí que o FinOps se torna essencial. Essa prática vai além da simples contenção de despesas, integrando áreas de tecnologia, finanças e operações, criando processos que permitem maior transparência e controle sobre os gastos em nuvem.
Essa colaboração entre equipes garante que decisões sobre recursos e investimentos sejam fundamentadas em dados, aumentando a eficiência e evitando desperdícios. Uma das práticas centrais do FinOps é o monitoramento contínuo do consumo de recursos na nuvem. Com observabilidade em tempo real, as empresas podem identificar picos de demanda, ajustar a alocação de recursos e manter a performance de sistemas críticos sem surpresas na fatura. Isso é particularmente importante em operações de alto impacto, como e-commerce em períodos sazonais ou serviços financeiros em horários de grande tráfego.
Além do controle de custos, o FinOps promove previsibilidade financeira. Ao transformar dados de consumo em métricas acionáveis, permite que gestores planejem investimentos futuros com maior precisão. Essa visão clara sobre gastos e tendências de uso fortalece a tomada de decisão estratégica e reduz riscos de estouro de orçamento.
O relatório ISG Provider Lens Google Cloud Partner Ecosystem 2024 aponta que, com a expansão de ambientes híbridos e Multicloud, empresas brasileiras buscam soluções integradas, usando amplamente o Anthos do Google Cloud para orquestrar infraestrutura híbrida e Multinuvem. Os custos da nuvem pública seguem como preocupação central, estimulando a adoção de práticas e ferramentas que equilibram desempenho, confiabilidade, segurança e otimização de recursos. O estudo destaca ainda que soluções avançadas de FinOps com IA para prever consumo futuro ainda estão em estágio inicial, mas ganham relevância como tendência para aumentar a eficiência operacional.
A automação é outro pilar da abordagem, como no caso de ferramentas e processos automatizados que ajudam a identificar recursos subutilizados, eliminar desperdícios e otimizar a alocação de infraestrutura. Quando combinada com governança e monitoramento contínuo, a automação garante que a performance e a disponibilidade dos sistemas não sejam comprometidas, mesmo em cenários de pressão financeira.
Segundo o estudo IT Trends Snapshot 2023, da Logicalis, 45% das empresas brasileiras migraram ou estão migrando para a nuvem, mas apenas 34% têm processos de governança de custos na nuvem (FinOps). Esse dado evidencia que, embora a nuvem seja cada vez mais adotada, a disciplina financeira e de governança ainda não acompanha a expansão, tornando o FinOps um diferencial competitivo crucial.
A implementação bem-sucedida transforma o gasto com tecnologia em um investimento estratégico. Empresas deixam de encarar a nuvem apenas como custo operacional e passam a vê-la como um ativo que pode gerar valor, inovação e competitividade. Isso exige cultura organizacional alinhada, com equipes preparadas para agir rapidamente e colaborar de forma transversal.
Em mercados dinâmicos, a capacidade de ajustar rapidamente os recursos de nuvem sem comprometer a qualidade do serviço se torna um diferencial competitivo. O FinOps fornece as ferramentas e processos necessários para que empresas reajam com agilidade a mudanças de demanda, oportunidades de negócio e restrições orçamentárias.
Em resumo, o FinOps não é apenas uma ferramenta de controle financeiro, mas uma abordagem estratégica que conecta tecnologia e resultados de negócio. Empresas que compreendem e aplicam essa disciplina conseguem equilibrar eficiência, performance e inovação, garantindo que a nuvem contribua efetivamente para o crescimento sustentável em um cenário de custos sob pressão.
*Especialista em operações de TI, SRE, DevOps e QA para eventos de alta demanda e com vasta experiência em desenvolvimento e qualidade de software de sistemas para Mercado Financeiro e Outsourcing Bancário, Juliano Videira é Business Development Executive e sócio da Vericode.