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Do Call Center à IA de Voz: a revolução que está redesenhando o varejo

Durante anos, o call center foi a linha de frente do relacionamento com clientes no varejo. Era ali que se resolviam problemas, se negociavam dívidas e se mantinha a engrenagem funcionando. Mas esse modelo mostrou seus limites: caro, pouco escalável, cansativo para os atendentes e frustrante para consumidores. Hoje, a inteligência artificial de voz surge como o divisor de águas dessa história, transformando a maneira como empresas lidam com clientes — especialmente quando falamos de inadimplência.

Enquanto no Brasil ainda engatinhamos, países como Estados Unidos, Índia e Japão já colhem resultados expressivos. Nos EUA, empresas de cobrança que utilizam IA de voz reportam aumentos de até 30% na taxa de recuperação de dívidas e reduções de custos operacionais acima de 40% (Prodigal). Plataformas como a Vodex, que automatizam ligações em escala, são capazes de realizar milhares de contatos por hora, com conformidade regulatória rigorosa, e já registraram casos de aumento de 7 vezes na taxa de conexão e de 3 vezes na recuperação de dívidas (Yahoo Finance). Na Índia, estudos apontam que bots de voz conseguem multiplicar em até dez vezes o alcance de contatos válidos, aumentando as taxas de recuperação em 25% a 40% e reduzindo em até 50% o tempo de atendimento (Gnani.ai). 

Não se trata apenas de eficiência: consumidores também relatam maior satisfação, já que conseguem resolver pendências em minutos, sem filas, sem burocracia e em horários flexíveis. Esse contraste evidencia um ponto importante: o Brasil não carece de tecnologia, mas de coragem para adotá-la em escala. Ainda prevalece a ideia de que a negociação por voz só pode ser feita por humanos, sob risco de perder a empatia. 

O que estamos vendo, no entanto, é que a IA de voz, bem treinada, consegue oferecer uma experiência mais respeitosa, rápida e até mais humana que os modelos antigos. Afinal, ninguém considera empático ficar preso 40 minutos em uma fila telefônica ouvindo a mesma música de espera. Empatia, no século XXI, é resolver rápido, com clareza e de forma personalizada .

O argumento de que a IA ameaça o emprego humano também precisa ser relativizado. A realidade internacional mostra que ela não substitui, mas complementa. Enquanto a máquina lida com negociações repetitivas, os agentes humanos ficam livres para atuar em casos mais delicados, que exigem julgamento, flexibilidade e sensibilidade. Isso não elimina a importância do humano, apenas o reposiciona onde ele é insubstituível.

O varejo brasileiro tem diante de si uma oportunidade rara. A inadimplência no país segue alta e o custo de cobrança é proibitivo para muitas empresas. Ignorar a IA de voz significa manter estruturas pesadas, ineficientes e cada vez mais desconectadas da expectativa do consumidor. O caminho mais lógico é o mesmo que já foi trilhado em outros mercados: incorporar a inteligência artificial como parte estratégica do relacionamento, não apenas como ferramenta de automação.

O futuro não está em dúvida. A questão não é se a IA de voz vai se tornar padrão, mas quando. E quem apostar cedo nessa transformação vai colher os frutos: aumento de até 47% nas taxas de recuperação e reduções de 30% a 80% nos custos operacionais, como já demonstrado em experiências reais no mercado internacional (Reddit; ClearTouch/McKinsey). Do call center tradicional à inteligência artificial de voz, o salto é inevitável. E quanto mais rápido o Brasil der esse passo, mais cedo conseguirá transformar um desafio histórico em vantagem competitiva.

Thiago Oliveira
Thiago Oliveira
Thiago Oliveira é CEO e fundador da Monest – empresa de recuperação de ativos através da cobrança de débitos por uma agente virtual chamada Mia, conectada por inteligência artificial. Imerso no empreendedorismo desde o início da carreira, com apenas 19 anos ganhou a liderança da equipe de desenvolvimento da Ometz, o que lhe deu o entusiasmo de fundar o Hotel Já, uma startup que oferecia hotéis de alto padrão a um custo muito mais acessível para reservas de última hora. Depois, Thiago fundou a Davai, empresa de tecnologia e desenvolvimento, onde atuou em 15 projetos por 6 meses, alguns bem expressivos como Fórmula 1 e Expedia. Atuou como CTO de empresas líderes em inovação no ecossistema de Curitiba, como Hero99 e Beracode. Nesse período, administrou e promoveu o projeto Philips of Holland, que começou no Brasil e hoje ganha proporções mundiais. Graduado pela PUC/PR em Sistemas de Informação, com especialização em Machine Learning pela Udacity (2018). Mais de 15 anos de experiência no setor de tecnologia, com uma atuação consolidada no mercado de cobrança há mais de 10 anos. Eleito umas das 50 lideranças de Finanças e Risco pelo CMS Financial Innovation 2023.
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