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Startup roraimense que já movimentou R$ 1 bilhão e criou modelo de delivery sem comissão mira expansão nacional

Em um cenário de delivery que muitas vezes sufoca pequenos negócios com altas comissões, a Pigz, startup roraimense fundada em 2020, está revolucionando o mercado brasileiro. Com um modelo inovador de assinatura e gestão integrada que elimina comissões sobre vendas, a plataforma, desde sua fundação, já processou 30 milhões de pedidos e movimentou aproximadamente R$ 1 bilhão em 2024, garantindo que milhões em recursos permaneçam na economia local. Presente em 1,5 mil estabelecimentos por todo o país — embora seu marketplace ativo esteja restrito a Boa Vista — Roraima, a Pigz se prepara para uma rodada de investimentos visando uma ambiciosa expansão nacional.

A história da startup começa como um case de resiliência. Quando o lockdown fechou restaurantes em Boa Vista, os sócios Laercio Gentil e Leonardo Seefeld identificaram duas dores crônicas: a falta de digitalização dos pequenos negócios e as comissões “exorbitantes” (que chegavam a quase 30%) cobradas pelas plataformas do mercado. “Era uma dor mundial, não só local“, diz Gentil. Com um time inicial de duas pessoas – eles próprios –, lançaram um MVP (produto mínimo viável). Hoje, a empresa já emprega 40 pessoas e recebeu reconhecimento de players do mercado financeiro, incluindo análise da Paramis Capital, boutique financeira especializada em crédito, operações estruturadas e venture capital.

Crescimento de 1.500% e 30 milhões de pedidos em quatro anos

Os números demonstram um crescimento impressionante entre 2020 e 2024, evidenciando o sucesso da proposta de valor da Pigz. Nesse período, a plataforma acumulou mais de 30 milhões de pedidos processados. Foram apenas 11 mil pedidos em 2020, 194 mil em 2021, 2,5 milhões em 2022, 8,5 milhões em 2023 e 19 milhões em 2024. O número de pedidos de usuários únicos também disparou, multiplicando-se por 40 vezes: passou de 5 mil em 2020 para 200 mil em 2024. Em termos financeiros, o valor total movimentado saltou de R$ 615 mil para aproximadamente R$ 1 bilhão no mesmo período.

O crescimento da Pigz reflete um movimento mais amplo no ecossistema de startups brasileiro, que tem apresentado sinais de retomada. Segundo a Distrito, plataforma de inteligência de mercado voltada ao setor de inovação, as empresas emergentes do país captaram US$ 1,46 bilhão em 2024 — alta de 9,5% em relação ao ano anterior. Dentro desse cenário positivo, a Pigz se diferencia por sua origem regional e modelo de negócio: em vez de cobrar comissões que chegam a quase um terço do valor do pedido, como fazem as plataformas tradicionais, ela oferece um sistema completo de gestão por assinatura mensal, ajudando restaurantes a manterem preços competitivos, além de gerar economia para o bolso dos consumidores.

A estratégia da empresa vai além de simplesmente conectar restaurantes e clientes. A plataforma foi pensada como uma solução 360º para o pequeno empreendedor, integrando desde atendimento presencial (com comandas digitais, pagamento via QR Code e gestão de mesas) até delivery próprio, estoque, emissão de notas fiscais e análise de desempenho. “O lojista normalmente precisava contratar quatro ou cinco fornecedores diferentes para ter tudo isso. Nós unificamos em uma única plataforma acessível“, explica Seefeld.

O modelo de negócios da Pigz também está evoluindo. Além de restaurantes, a plataforma já atende mercados, farmácias e até vendedores de ingressos para eventos, representando cerca de 20% de sua base atual. “Queremos ser o sistema operacional do pequeno negócio, independentemente do segmento“, projeta Gentil.

Em um país que se posiciona como o 3º maior mercado de delivery do mundo, com o setor movimentando cerca de R$ 38 bilhões em 2023 e mais de 500 mil eventos realizados em 2024, há uma clara demanda por digitalização, especialmente entre pequenos e médios restaurantes que representam 80% do mercado, mas enfrentam barreiras como múltiplas plataformas, altas taxas e pouca visibilidade. A Pigz, uma força tecnológica da Orange Labs e parte do ecossistema Stone, se destaca por preencher essa lacuna, unindo delivery e ingressos em um único marketplace, otimizando vendas e operações e facilitando transações para negócios.

Ecossistema tecnológico robusto impulsiona crescimento e diversificação

Para sustentar seu modelo escalável, a Pigz desenvolveu um ecossistema completo de soluções com tecnologia própria e múltiplas fontes de receita — que incluem taxas sobre pagamentos, vendas de ingressos e assinaturas mensais, sem comissões sobre pedidos.

Pigz App funciona como um marketplace centralizado de delivery e eventos, conectando consumidores a restaurantes, mercados e promotores de eventos.

Voltado à operação dos estabelecimentos, o Pigz Comanda organiza o atendimento por meio de mesas, pulseiras ou cartões, enquanto o Pigz Gestão permite o controle de pedidos e relacionamento com clientes em uma única plataforma.

A experiência do consumidor também foi otimizada com o Pigz Kiosk, que oferece totens e tablets de autoatendimento para reduzir filas e agilizar pedidos. Já nas soluções de pagamento e eventos, o destaque vai para o Pigz Pay, sistema de fichas de consumação com pagamento antecipado, e o Pigz Ingressos, plataforma integrada para venda e validação de ingressos.

O impacto econômico em Roraima é palpável. Com cerca de 400 estabelecimentos cadastrados apenas no estado, a Pigz processa aproximadamente 60 mil pedidos por mês em sua modalidade de marketplace, movimentando R$ 4 milhões mensais. Pelos cálculos da empresa, isso significa que cerca de R$ 9,27 milhões deixam de ser enviados anualmente a plataformas de outros estados ou países, permanecendo na economia local. “Esse dinheiro não fica conosco, vai direto para o caixa dos consumidores, aumentando seu poder de compra, e empreendedores, que podem reinvestir em seus negócios e gerar mais empregos“, destaca Gentil.

A recepção dos comerciantes locais tem sido entusiástica. Casos como o do restaurante Meu Cantinho, parceiro há três anos, ilustram a transformação. “Mudou completamente nosso movimento. Antes não tínhamos sistema algum; hoje conseguimos gerenciar pedidos, entregas e pagamentos diretamente das mesas“, relata o proprietário, Seu Ricarte. Na Graci Bolos, a confeiteira Mylana Carvalho viu o delivery saltar para 40% das vendas após a adoção da plataforma. “Era impossível administrar os pedidos pelo WhatsApp. Agora temos controle total“, afirma.

Próxima fase: nacionalização do marketplace 

A ambição da Pigz, no entanto, vai além das fronteiras de Roraima. Com clientes em todos os estados brasileiros – embora o marketplace ativo esteja restrito a Boa Vista por enquanto –, a startup prepara uma expansão nacional de seu serviço de delivery.

Estamos prontos para levar a Pigz a outras capitais brasileiras. A rodada de investimento vai viabilizar essa expansão, com foco em tecnologia, operação e no modelo de assinatura que garante preços justos e estabilidade para nossos parceiros em cada nova praça”, afirma Laercio Gentil.

Com liderança consolidada em Roraima — única capital brasileira onde talvez o iFood não seja o líder de mercado —, a Pigz enxerga esse domínio como vitrine de seu diferencial competitivo. A startup já alcança mais de 200 municípios em vários estados brasileiros, sinal do avanço gradual de um modelo que busca escalar sem abrir mão da autonomia dos pequenos empreendedores. Para isso, conta com 40 colaboradores, sendo 20 dedicados exclusivamente à área de tecnologia, reforçando sua aposta em soluções próprias e inovação contínua.

Enquanto isso, os fundadores mantêm o foco em seu propósito original: empoderar o pequeno empreendedor. “Desde o início, nosso sonho foi ajudar esses negócios a crescerem com autonomia. O que começou como uma solução emergencial na pandemia mostrou-se um modelo sustentável e, acima de tudo, justo“, conclui Seefeld. Com planos de “pintar o Brasil de laranja” – referência à cor de sua marca –, a Pigz prova que é possível conciliar escala com impacto local, desafio que poucas startups brasileiras conseguiram superar.

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