Outubro marca o Mês da Conscientização sobre Cibersegurança, uma efeméride internacional que destaca a importância da segurança digital em um cenário de desafios crescentes. No Brasil, a urgência do tema se intensifica diante de um retrocesso em conhecimento e práticas, conforme revelado pelo estudo National Privacy Test (NPT) 2025, conduzido pela NordVPN. A pesquisa aponta uma queda na consciência sobre privacidade e na gestão de riscos digitais, com um aumento na parcela de usuários com preparo limitado, os chamados Cyber Tourists e Cyber Wanderers.
Diante desse panorama, especialistas ressaltam que a cibersegurança vai além de ferramentas tecnológicas, exigindo uma cultura de conscientização. “Nesse mês, é importante reforçar que a segurança digital não é apenas um tema técnico, mas um hábito diário”, afirma o especialista em cibersegurança e Diretor Executivo da HexaDigital, Daniel Tieppo.
Para usuários e empresas, a criação de uma cultura de cibersegurança envolve a adoção de medidas práticas. O COO da BugHunt, empresa brasileira pioneira em Bug Bounty na América Latina, Bruno Telles e o co-founder & COO da ViperX, startup de segurança ofensiva pertencente ao Grupo Dfense, Rodolfo Almeida, sugerem o uso de senhas robustas e exclusivas, a ativação da autenticação de dois fatores e a manutenção de sistemas atualizados. “Evitar clicar em links e e-mails suspeitos e utilizar redes seguras, como VPNs corporativas, também são recomendações”, analisa Telles.
“Para empresas, a gestão de acessos e a conscientização contínua dos colaboradores por meio de treinamentos são estratégicas. Relatar incidentes e evitar o uso de dispositivos pessoais para dados corporativos complementam essas práticas”, comenta Almeida.
Cultura ciber
A cultura organizacional deve colocar a cibersegurança no centro das prioridades, orientando o comportamento de todos os colaboradores para a proteção dos dados e sistemas. Essa mudança é fundamental, já que grande parte dos ataques tem origem em falhas humanas durante atividades rotineiras de trabalho, como aponta um estudo recente da consultoria Gartner.
O futuro da segurança digital no Brasil, segundo os especialistas, será moldado pela velocidade na adoção de tecnologias avançadas e pela educação da sociedade. Tieppo projeta a consolidação da inteligência artificial como pilar estratégico, desde que acompanhada de conscientização.
“Precisamos de um esforço conjunto entre setor privado, governo e educação para criar um ecossistema resiliente. Nos próximos anos, veremos a IA consolidada como pilar estratégico, mas seu impacto só será pleno se vier acompanhado de conscientização e formação contínua”, explica Tieppo.
Rodolfo Almeida prevê defesas mais automatizadas e inteligentes, além de maior regulamentação e métricas de reporte de incidentes, tornando a segurança parte da rotina de negócios. A disciplina em reduzir exposição e proteger identidades será um diferencial competitivo.
“A inteligência artificial já permite ataques mais rápidos e convincentes, desde mensagens que imitam vozes até fraudes envolvendo cadeias de fornecedores. Em resposta, veremos defesas cada vez mais automatizadas e inteligentes, capazes de antecipar padrões e sinais de fraude”, afirma Almeida.
Como reforça o especialista da BugHunt, a construção de um futuro digital mais seguro passa por disciplina, colaboração e visão estratégica. “Segurança não é um destino, mas um processo contínuo. Precisamos cultivar hábitos diários de proteção, alinhar esforços entre empresas, governo e sociedade, e entender que cada ação individual contribui para um ecossistema mais resiliente”, conclui Telles.