Um novo estudo da Bain & Company revela que a inteligência artificial está se tornando um elemento central na experiência de compra, com o consumidor brasileiro demonstrando uma rápida adoção da tecnologia. A pesquisa explora os diferentes perfis de usuários de IA e suas motivações, oferecendo insights valiosos para varejistas que buscam otimizar suas estratégias.
De acordo com o levantamento, 95% das companhias nos EUA e na Europa já utilizam inteligência artificial generativa. No entanto, entre os consumidores desses países, apenas 35% afirmam usufruir da tecnologia – muitos, possivelmente, interagem com a ferramenta, mesmo sem saber. Já no Brasil, 62% dos consumidores declaram utilizar IA, dos quais 18% relatam fazer isso com frequência. A principal motivação dos brasileiros é a praticidade:
- 64% dizem que a IA facilita tarefas do dia a dia;
- 55% acreditam que ela pode gerar novas oportunidades de trabalho;
- 49% consideram que os benefícios superam os riscos.
O estudo identificou cinco perfis distintos de consumidores de IA, de entusiastas a rejeitadores convictos. Entender essas segmentações pode ajudar empresas a direcionar melhor suas estratégias, de modo a entregar valor real com o uso da IA.
Usuários ativos:
- Entusiastas (19%): usam IA várias vezes por semana, com foco em produtividade, solução de problemas e apoio em tarefas como escrita e pesquisa;
- Usuários ocasionais (12%): utilizam com menor frequência, geralmente para aprender algo novo ou se divertir.
Não usuários:
- Exploradores emergentes (10%): são abertos ao uso, com percepção neutra ou positiva sobre a tecnologia;
- Curiosos cautelosos (32%): demonstram interesse, mas hesitam por insegurança ou falta de familiaridade;
- Rejeitadores convictos (17%): têm postura negativa e não pretendem usar IA.
A pesquisa mostra que mesmo entre os que não se consideram usuários, muitos já interagem com IA sem se dar conta – em assistentes virtuais, chatbots e corretores automáticos de texto. Entre os exploradores emergentes, por exemplo, 66% já utilizaram alguma interface de IA sem perceber.
Entre entusiastas e usuários ocasionais, os usos mais frequentes da IA estão relacionados à produtividade e criatividade. As principais aplicações são:
- Pesquisa e resumo de informações: 75% dos entusiastas e 59% dos usuários ocasionais;
- Assistência na escrita: 65% e 53%, respectivamente;
- Escrita criativa: 57% (entusiastas) e 41% (usuários ocasionais);
- Acesso a informações atualizadas, edição de imagens e recomendações de compra também aparecem com destaque.
Enquanto os primeiros usuários estão impulsionando a expansão do uso da IA, o que abre caminho para uma adoção mais ampla, segundo relatório da Bain. “A IA generativa tem o potencial de transformar a experiência do cliente e otimizar as operações no varejo, mas o sucesso depende de uma estratégia de dados bem definida e de uma cultura que valorize a inovação,” afirma Lucas Brossi, sócio da Bain e líder da prática de Inteligência Artificial na América do Sul. “Observamos uma relação direta entre os entusiastas e o uso de dispositivos com IA incorporada, como óculos, pingentes e anéis. Somente nos Estados Unidos, por exemplo, 5% dos adultos já usavam produtos wearables no fim de 2024. Nossa projeção é de que esse número chegue a quadruplicar até o fim de 2025”, completa Brossi.
Já entre os não usuários da tecnologia, os principais entraves são a falta de confiança e a preferência por executar tarefas manualmente. Cerca de 34% afirmam preferir executar as tarefas por conta própria, 30% apontam preocupações com privacidade de dados e 26% desconfiam da precisão das respostas da IA.
No Brasil, os principais motivos para não aderirem à IA foram a falta de confiança em compartilhar dados pessoais (47%), sentimento de despreparo para utilizar a tecnologia (44%) e o temor de ser substituído por ela (40%).
A Bain avalia que, com o aumento da familiaridade com a IA embutida nos produtos, gerando interações cotidianas, como sugestões de texto ou recomendações de produtos, a aceitação do uso direto da tecnologia deverá crescer – principalmente se as empresas investirem em experiências com linguagem natural mais intuitivas.