Mais de 58% das buscas no Google nos Estados Unidos e quase 60% na União Europeia não resultam em cliques em links externos, segundo estudo conduzido por Rand Fishkin. Conhecido como zero-click search, o fenômeno evidencia uma mudança profunda no comportamento dos usuários: a resposta que antes era encontrada em sites agora está sendo entregue diretamente na página de resultados do Google.
Para Rosana Marques, especialista em motores de busca, SEO 360 e IA aplicada a conteúdo, e sócia da MUVA House, esse cenário redefine o jogo digital. “O zero-click search é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade. As marcas que insistirem em medir autoridade apenas por cliques vão perder espaço. Hoje, é preciso construir conteúdo estratégico, preciso e de fácil consumo, que entregue respostas imediatas e confiáveis dentro do próprio buscador. Quem entende essa lógica se torna referência mesmo sem o clique”, afirma.
O desafio é ainda maior porque, de acordo com levantamento da Semrush, cerca de 30% dos cliques nos EUA vão para propriedades do próprio Google, como YouTube, Google Imagens e Google Maps, enquanto apenas 36% seguem para a web aberta — o equivalente a 360 cliques a cada mil buscas. Na União Europeia, o índice sobe levemente para 374. Mesmo com o avanço de IAs generativas e buscadores conversacionais, o Google mantém 89,66% de participação no mercado global de buscas, reforçando sua influência.
Para Marques, a transformação vai além da tecnologia: “O comportamento do usuário mudou. Com a ascensão do ChatGPT, Perplexity e outros modelos de linguagem, as pessoas não querem apenas links – querem respostas confiáveis e contextuais. Isso exige que empresas revisem seu conteúdo, invistam em clareza e se posicionem como fontes confiáveis de informação”.
A especialista destaca que o zero-click search não significa invisibilidade, mas sim a necessidade de reposicionar o conteúdo. “Quem souber se adaptar, ganha não apenas tráfego, mas também confiança e autoridade diante de humanos e máquinas.”