O engajamento de colaboradores ultrapassou o status de simples indicador de clima organizacional e passou a ser tratado como um diferencial estratégico. Para Alexandre Slivnik, especialista em excelência de serviços e vice-presidente da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), inspirar equipes exige mais do que campanhas motivacionais: requer uma liderança presente, uma comunicação clara e uma cultura que valorize o propósito de cada profissional.
“Uma equipe engajada não nasce do acaso. Ela é resultado de um ambiente onde o colaborador sente que pertence, que sua voz importa e que seu esforço tem impacto real”, afirma Slivnik. Com mais de 20 anos de experiência em liderança e encantamento de clientes, o especialista tem atuado junto a empresas que buscam transformar a performance de suas equipes por meio de metodologias inspiradas em organizações de referência, como Disney, Universal e Apple.
Dados da Gallup apontam que equipes com alto nível de engajamento são 21% mais produtivas e registram até 59% menos rotatividade. Esse impacto direto na performance operacional reforça que o engajamento não é responsabilidade exclusiva do setor de Recursos Humanos, mas de toda a liderança. Para Slivnik, quando líderes atuam como agentes de inspiração e escuta ativa, a equipe responde com mais colaboração, criatividade e lealdade.
Entre os pilares do engajamento, o especialista destaca a comunicação interna como ferramenta decisiva. Segundo ele, a transparência nas decisões, o alinhamento de expectativas e o espaço aberto para sugestões criam uma atmosfera de confiança. “As pessoas não se engajam quando não sabem para onde a empresa está indo. O líder precisa traduzir a estratégia em ações do dia a dia e conectar os objetivos coletivos às metas individuais”, explica.
Outro elemento-chave, segundo Slivnik, é o reconhecimento constante. Não se trata apenas de prêmios e bonificações, mas de práticas cotidianas que reforçam o valor das contribuições individuais. “Um simples elogio direcionado pode ter mais impacto do que um bônus. O colaborador quer saber que está no caminho certo, e cabe ao líder sinalizar isso com clareza”, diz.
Além disso, ele reforça que o ambiente de trabalho precisa ser favorável ao desenvolvimento. Empresas que estimulam o aprendizado contínuo, o protagonismo e a inovação tendem a formar profissionais mais comprometidos com os resultados. “O engajamento nasce quando o colaborador entende que crescer na empresa também é crescer como pessoa. Isso só acontece onde há espaço para ideias, para a troca e para o erro produtivo.”
Slivnik também alerta para os riscos de iniciativas superficiais de engajamento, como eventos pontuais ou discursos motivacionais desconectados da prática. Para ele, a coerência entre discurso e atitude da liderança é o que sustenta a confiança. “Não adianta dizer que o colaborador é importante e ignorar suas sugestões. O engajamento exige verdade, consistência e presença real no dia a dia da equipe.”
Em suas imersões internacionais com líderes brasileiros, ele observa que empresas admiradas no mundo todo compartilham uma característica comum: colocam o colaborador no centro da experiência, da mesma forma que fazem com o cliente. “A lógica é simples: se o time está encantado, o cliente sente isso. E isso se traduz em resultados.”
Para construir um ambiente de engajamento genuíno, Slivnik recomenda cinco práticas: alinhar expectativas com clareza, reconhecer conquistas com frequência, estimular o aprendizado contínuo, ouvir com atenção e comunicar com autenticidade. “Não existe fórmula mágica. O que existe é consistência. Quando o líder inspira pelo exemplo e cuida das relações humanas, o resultado aparece na performance da equipe”, conclui.