O delivery, que foi um dos grandes protagonistas da pandemia, começa a perder espaço no setor de alimentação fora do lar no Brasil. Segundo levantamento da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a participação de estabelecimentos que operam com entregas caiu de 78% em 2022 para 71% em 2025.
A principal razão apontada pelos donos de restaurante é a falta de viabilidade financeira (32%), resultado de altas taxas de marketplaces, custos de operação e margem de lucro reduzida. Além disso, 27% dos empreendedores afirmam ter dificuldades estruturais, como a falta de espaço físico para conciliar salão e delivery, o que se apresenta como um desafio comum, especialmente em praças disputadas.
Mesmo diante desse cenário de retração, o comportamento do consumidor mostra que o delivery segue essencial para o faturamento do setor de food service. É nesse contexto que as soluções baseadas em inteligência artificial (IA) começam a se destacar como ferramentas para recuperar a rentabilidade e a eficiência das entregas.
O estudo da Abrasel aponta que o setor de alimentação fora do lar movimentou R$416 bilhões em 2023, o equivalente a 3,6% do PIB nacional. O dado reforça o potencial do segmento, mas evidencia a necessidade de estratégias mais inteligentes para manter margens saudáveis.
“O delivery deixou de ser diferencial e virou necessidade, mas precisa ser operado com inteligência. Os custos subiram, o espaço é limitado e a competição é intensa. Automatizar processos e otimizar o atendimento é o caminho para manter a operação saudável e lucrativa”, explica Rafael Coffani, especialista em IA para restaurantes.
Entre as soluções que estão transformando o delivery brasileiro, destaca-se a Natural Bot, uma assistente virtual que automatiza o atendimento pelo WhatsApp e integra os pedidos aos principais sistemas de gestão de restaurantes. A tecnologia ajuda restaurantes a diminuir o tempo de resposta, evitar erros, organizar pedidos e liberar a equipe para o atendimento presencial, reduzindo significativamente o custo da operação.
“Além de reduzir custos operacionais e ampliar exponencialmente o número de clientes atendidos, um copiloto integrado ao WhatsApp também democratiza o atendimento. A IA entende áudios, diferentes idiomas e até gírias regionais, o que aproxima o restaurante do consumidor e torna a comunicação mais acessível”, destaca Coffani, CEO da Natural Bot.
Para Rafael, outra vantagem é o aumento do ticket médio. “A IA funciona como um verdadeiro vendedor digital, sugerindo complementos e adicionais que fazem sentido para cada pedido. Isso transforma o atendimento em uma experiência mais eficiente e rentável”, completa.
De acordo com a Abrasel, mais de um quarto do faturamento com delivery já vem de pedidos feitos via WhatsApp, o que reforça a importância de ferramentas que tornem esse canal mais eficiente.
Outras soluções também estão ajudando a equilibrar custos e operações no setor:
- Google Vertex AI – usa dados históricos para prever demanda e ajustar o estoque, evitando desperdícios.
- SevenRooms – ajuda na gestão de reservas e personalização da experiência do cliente.
- OpenAI ChatGPT – auxilia no treinamento de equipes e atendimento inteligente, otimizando a comunicação com o cliente.
Especialistas apontam que o futuro do setor será híbrido: humano + IA. Automação e dados permitem decisões mais assertivas, mas a experiência humana ainda é o diferencial que fideliza o cliente.
Em um mercado que busca eficiência sem perder o sabor da boa experiência, a inteligência artificial se consolida como ingrediente essencial para trazer o delivery de volta ao cardápio de rentabilidade dos restaurantes brasileiros.