Embora fatores externos, como mercado e concorrência, sejam frequentemente citados entre os principais desafios para a sobrevivência das empresas, estudos indicam que questões internas também exercem papel relevante na continuidade dos negócios. Segundo levantamento da Höft Consultoria, sete em cada dez sociedades acabam rompidas por conflitos internos entre sócios. Esses desentendimentos costumam ter origem em desalinhamentos sobre o futuro do negócio, na forma de distribuição de lucros, na indefinição de papéis e responsabilidades ou em divergências quanto aos poderes de administração. Em alguns casos, a percepção é de dedicação desigual entre os sócios; em outros, as discordâncias estão relacionadas ao rumo estratégico da empresa.
Para a advogada Bruna Puga, especialista em direito societário e sócia-fundadora da BP/F Law, prevenir esse tipo de conflito exige dois movimentos complementares: alinhamento prévio entre os sócios e instrumentos contratuais bem estruturados. “Um bom contrato nasce de um alinhamento prévio entre os sócios. Antes de assinar qualquer documento, os sócios precisam alinhar suas expectativas, visões de futuro e até de vida. Esse diálogo é fundamental e deveria acontecer no início da sociedade, e não apenas quando os problemas já começaram a aparecer”, afirma.
Segundo Bruna, o contrato social e o acordo de sócios funcionam como as regras do jogo da empresa, ao estabelecer critérios para divisão de resultados, definem funções e responsabilidades, delimitam os poderes de administração e preveem mecanismos para solução de conflitos. “Esses documentos não eliminam a possibilidade de divergências, mas oferecem um caminho claro para resolvê-las sem paralisar ou destruir o negócio”, conclui.
Os documentos, de acordo com a especialista, não eliminam divergências, mas oferecem caminhos para solucioná-las sem comprometer a operação da empresa. A combinação entre alinhamento societário e instrumentos jurídicos adequados, acrescenta, contribui para reduzir litígios e preservar a imagem da organização diante de clientes, fornecedores e investidores.
