A gestão de pátios logísticos deixou de ser apenas uma atividade operacional e se tornou peça-chave na estratégia de supply chain das empresas. Dados recentes mostram que a ineficiência no supply chain impacta diretamente o Produto Interno Bruto (PIB), com o custo logístico saltando de cerca de 12,3% do PIB em 2017 para impressionantes 18,4% em 2023, segundo as principais pesquisas do setor (FDC, ILOS).
Segundo Eros Viggiano, fundador da LogPyx, empresa de tecnologia em gestão logística, esse aumento histórico sublinha a urgência em adotar indicadores e tecnologias que transformem o pátio, hoje um gargalo de filas e desperdício, em um centro de eficiência capaz de reverter essa tendência e restaurar a competitividade: “um pátio eficiente não é apenas sobre tecnologia. É sobre disciplina, processos bem definidos e indicadores claros que permitam identificar gargalos e agir de forma proativa”, destaca.
Para isso, Viggiano separou cinco KPIs que se destacam como essenciais para medir, monitorar e melhorar a performance do pátio.
1. KPI 1 – Tempo de Ciclo do Pátio (Gate‑to‑Gate Turnaround Time)
Mede o intervalo entre check-in e check-out de veículos no pátio. Esse indicador concentra todas as fricções do fluxo e é considerado central para avaliar a eficiência. Acompanhar médias, medianas, tempos máximo e mínimo, P95 e desvio padrão permite identificar gargalos por transportadora, tipo de carga ou doca. Reduzir esse tempo significa maior vazão, menores custos operacionais e menos penalizações de estadia.
2. KPI 2 – Aderência ao Agendamento (Appointment Adherence)
Reflete o percentual de veículos atendidos dentro da janela prevista, medindo a disciplina de parceiros e a capacidade do pátio de cumprir slots. O ideal é alcançar ≥85% de on-time rate e no-show abaixo de 10%. Incentivos, penalidades, confirmações digitais e sobre-alocação inteligente ajudam a manter esse indicador sob controle. Sem aderência, o Tempo de Ciclo se torna instável e imprevisível.
3. KPI 3 – Utilização Efetiva de Docas (Dock Utilization & Throughput)
Avalia o percentual de tempo em que as docas estão em operação produtiva e a produtividade em unidades ou toneladas por hora. Docas ociosas enquanto há fila indicam falhas de processo, impactando pessoal e custos. Compatibilidade doca×carga, agendamento por clusters, balanceamento de equipes e pré-montagem de pedidos são ações que melhoram esse KPI.
4. KPI 4 – Custo e Penalidades de Estadia
Concentra os gastos gerados por esperas além da franquia, previstos em contratos ou na Lei 13.103/2015 (Lei do Caminhoneiro). Reduzir esse custo em 20 a 30% em 90 a 180 dias é possível com disciplina de agenda, triagem ágil e processos digitais. Contratos claros, responsabilidades bem definidas e verificação de tempos excessivos de doca são ações típicas para impactar positivamente esse KPI.
5. KPI 5 – Sazonalidade de Ocupação do Pátio
Analisa variações de ocupação ao longo de dias, semanas e meses, permitindo identificar picos e períodos de baixa. Com esse indicador, é possível planejar recursos, ajustar equipes e criar janelas diferenciadas em épocas de maior movimento. Integração com áreas comercial e de suprimentos garante melhor equilíbrio e eficiência em períodos críticos.
Quando todos esses KPIs são acompanhados em conjunto, eles dão uma visão clara de como o pátio está funcionando. “Com dados precisos, conseguimos reduzir filas, cortar custos e tornar a operação mais previsível. O pátio deixa de ser apenas um espaço de espera e se transforma em um centro de eficiência”, afirma Eros Viggiano. O cumprimento de horários e o tempo de ciclo mostram se os veículos estão fluindo rapidamente; a utilização das docas revela gargalos; os custos de estadia mostram o impacto financeiro de atrasos; e a análise da ocupação ao longo do tempo ajuda a planejar melhor equipes e recursos.

