Durante anos, o Natal reinou absoluto como o auge do comércio, mas o avanço do digital e a mudança no comportamento de consumo reposicionaram o calendário e hoje, a Black Friday é o evento mais aguardado pelo varejo brasileiro.
Segundo a Neotrust, as vendas online ultrapassaram 7,1 bilhões de reais em 2023, um crescimento de 15% sobre o ano anterior, e a expectativa para 2025 é de nova expansão, sustentada pela confiança do consumidor e por estratégias cada vez mais sofisticadas de e-commerce.
Mas o fenômeno não é apenas sobre descontos. Trata-se de um novo modelo de antecipação de compras e de relacionamento entre as marcas e os consumidores. “O cliente atual não quer só pagar menos. Ele está bastante consciente das maquiagens nos preços, então busca descontos que realmente valem a pena, ele pesquisa, faz a curadoria e leva em consideração a experiência como um todo, inclusive a idoneidade da empresa”, afirma Daniela Costa, fundadora da Homedock, loja virtual de móveis e decoração. A especialista completa que o período concentra mais de 15% das vendas anuais da empresa. “A Black Friday deixou de ser uma ação promocional e virou uma operação estratégica, com planejamento de meses e integração de toda a cadeia”, diz.
Para os analistas de mercado, de fato, a Black Friday se tornou uma vitrine de eficiência empresarial, marcas que conseguem aliar tecnologia, atendimento e entrega consolidam reputação e ampliam o ticket médio. “É uma data que testa a capacidade de execução das empresas e o nível de confiança do público”, revela Daniela. Na Homedock, o período impulsiona também a fidelização: mais da metade dos clientes que compram na promoção voltam a comprar nos meses seguintes.
Esse movimento consolida um novo ciclo econômico no varejo brasileiro. As empresas estruturam o ano em torno de novembro, concentrando investimentos em marketing, tecnologia e estoque. O Natal, ainda relevante, agora é uma extensão natural da onda de consumo iniciada pela Black Friday porque o calendário mudou, e com ele, a forma de vender e comprar. Hoje, o desconto é apenas o ponto de partida de uma relação que mistura estratégia, experiência e conveniência — os novos pilares do comércio contemporâneo.
“Somos uma empresa que nasceu e se firmou no ambiente digital e fazemos parte da geração que entende o consumo como um processo não apenas emocional, mas racional também. Estamos empenhados com a data e vamos atuar fortemente com coleções sazonais e campanhas baseadas em dados para captar o comportamento do público, um mapeamento que vai permitir calibrar os estoques e direcionar ofertas em 2026 com mais precisão”, finaliza a empresária Daniela Costa.

