A logística nunca esteve tão no centro das decisões do e-commerce brasileiro. É o que revela o estudo Panorama da Gestão Logística no E-commerce Brasileiro, realizado pela nstech, maior empresa de software para supply chain da América Latina, em parceria com a Frete Rápido, empresa do grupo líder em TMS para e-commerce. A partir da análise de milhares de lojas virtuais de médio e grande porte, o levantamento mostra que, embora o setor seja digital, a gestão logística ainda enfrenta entraves estruturais, falta de integração tecnológica e altos custos operacionais — fatores que impactam diretamente a conversão e a lucratividade das vendas online.
Entre as principais dificuldades apontadas pelas empresas no gerenciamento do transporte estão: gestão de tabelas e cálculo de fretes (27,7%), prospecção e integração de transportadoras (26,8%), comprovação de entrega e auditoria (16,1%), rastreabilidade (15,8%) e indicadores e KPIs (13,5%).
Outro destaque do estudo é a forte dependência de serviços terceirizados para as entregas: 72,9% das lojas utilizam transportadoras terceirizadas, 21,3% operam com um modelo híbrido, que combina frota própria e terceiros, enquanto apenas 5,8% contam exclusivamente com frota própria.
“O e-commerce já nasceu digital, mas a logística ainda carrega muitos desafios. Falta integração entre sistemas, o rastreamento nem sempre é preciso e muitos processos ainda são manuais”, afirma Mário Rodrigues, CEO e fundador da Frete Rápido.
Gestão de fretes ainda é gargalo operacional
O estudo mostra que 29% das empresas ainda fazem gestão de fretes manualmente, enquanto só 20,3% usam soluções como Gateway ou TMS de forma integral. O modelo híbrido (manual + tecnologia) é adotado por 27,7% das operações.
Além disso, 51% consideram grande o impacto do custo do frete nos carrinhos abandonados; 34,5% relatam facilidade e agilidade na integração de novas transportadoras; e 24,2% já perderam oportunidades comerciais por limitações nos sistemas logísticos.
Para Diego Gonçalves, COO de embarcador da nstech, “a logística deixou de ser uma função de retaguarda para se tornar protagonista, impactando diretamente indicadores como conversão, recompra e lucratividade. Com consumidores cada vez mais conectados e exigentes, a entrega precisa ser rápida, rastreável e flexível — com opção de escolha de dia e horário.”
A falta de controle sobre custos, visibilidade em tempo real e integração com parceiros afeta não só a experiência do cliente, mas também as margens de lucro, que já sofrem com a escalada dos preços logísticos.
Soluções e expectativas para os próximos anos
O relatório também traça uma visão para o futuro da logística no e-commerce, destacando investimentos em automação, omnichannel e novos modelos operacionais. Entre os entrevistados, 38,7% consideram fundamental um novo sistema de gestão logística já no próximo ano; 20% planejam trocar de sistema e revisar processos; 31,3% pretendem expandir para marketplaces; 29,7% adotam ou planejam operar com multiorigem/dark store; e 24,8% querem ampliar o uso de ship from store.
Quanto às projeções de crescimento para 2025/2026, 43,5% esperam expansão de 10% a 30%; 27,4% entre 30% e 50%; 6,5% até 100%; e 4,8% mais de 100%.
Com a chegada de eventos importantes como Black Friday e Natal, a preparação logística torna-se ainda mais estratégica. “Mais do que entregar pedidos, é preciso entregar experiência. Otimizar processos, atualizar prazos e equilibrar custo e qualidade são essenciais para garantir competitividade em um mercado onde cada detalhe faz a diferença”, conclui Diego Gonçalves.