O ano de 2026 deve marcar uma virada importante no mercado de marketing e comunicação. As transformações aceleradas pela inteligência artificial, pela mudança do comportamento do consumidor e pelo amadurecimento das plataformas digitais vão exigir que empresas adotem modelos mais inteligentes, ágeis e, sobretudo, mais humanos de se comunicar. A análise é do especialista em marketing e estratégias de negócios Frederico Burlamaqui, que ressalta: o futuro do setor não pertence aos entusiastas cegos da tecnologia, mas a quem souber equilibrar inovação com pensamento crítico.
Para Burlamaqui, a Inteligência Artificial deixa de ser apenas uma ferramenta operacional e passa a atuar diretamente no apoio às decisões estratégicas, especialmente no processamento de grandes volumes de dados, análises preditivas e leitura de cenários complexos. No entanto, ele faz uma ressalva importante: “Não somos contra a IA, mas somos absolutamente contra a substituição do capital intelectual humano. Estratégia não se automatiza. Ela se constrói”.
Segundo o especialista, há um entusiasmo excessivo do mercado em delegar à IA tarefas que exigem sensibilidade, repertório e visão de contexto. “Existe a ilusão de que a tecnologia resolve tudo. Em 2026, as marcas que se destacarão serão aquelas que usarem a IA com parcimônia, como ferramenta de apoio, e não como atalho criativo”, afirma.
Burlamaqui defende um marketing mais artesanal, no qual processos estratégicos, criação de conceitos, posicionamento de marca e produção de conteúdo permanecem essencialmente humanos. “Não utilizamos imagens geradas por IA, por exemplo. Preferimos contratar fotógrafos, equipes criativas e profissionais especializados. Redação, design e direção criativa precisam de gente, de olhar, de vivência. A IA entra onde ela realmente agrega: na análise de dados e na leitura de padrões”, explica.
Outra mudança relevante para 2026 é a personalização avançada, impulsionada pela tecnologia, mas guiada por inteligência humana. As plataformas passam a compreender contexto, preferências e momento de compra, permitindo abordagens mais precisas. Ainda assim, Burlamaqui ressalta que a personalização só funciona quando existe estratégia por trás. “O funil não desaparece, ele se adapta. Mas quem define o caminho ainda precisa ser gente”.
Com a explosão de conteúdos gerados automaticamente, ganha força o que o especialista chama de “conteúdo human-first”: narrativas reais, bastidores, vulnerabilidade e profundidade. “O consumidor percebe quando tudo é genérico. Em 2026, autenticidade deixa de ser discurso e volta a ser vantagem competitiva”, diz.
Entre outras tendências que devem ganhar força no próximo ano, Burlamaqui destaca:
- Social Commerce 3.0 – integração entre conteúdo, venda e atendimento nas plataformas, com a IA apoiando processos, e não substituindo relações;
- SEO multimodal – otimização para voz, vídeo e imagem, acompanhando a evolução dos buscadores;
- Comunidades como ativo estratégico – redução da dependência de algoritmos e fortalecimento da confiança;
- Marcas como hubs educacionais – conteúdo aprofundado, formação e autoridade intelectual;
- Clean data – gestão ética e transparente de dados próprios diante do avanço das regulações;
- Experiências híbridas em XR – uso consciente de ambientes imersivos para aproximar o consumidor da experiência real;
- Marketing de impacto genuíno – propósito sustentado por ações consistentes, e não por narrativas automatizadas.
Para o especialista, 2026 será o ano em que o mercado precisará escolher entre atalhos tecnológicos e construção estratégica de longo prazo. “A IA é poderosa, mas não pensa, não sente e não cria cultura. O diferencial continuará sendo humano. Quem entender isso cresce. Quem delegar tudo às máquinas, perde identidade”, conclui.

