O setor de varejo, cada vez mais digital e dependente de tecnologia, tornou-se um dos alvos preferenciais dos cibercriminosos. Quase 25% de todos os ciberataques no mundo hoje tem como alvo empresas de varejo. Estima-se que 80% dos varejistas globais sofreram ataques no último ano – muitos enfrentando múltiplos incidentes, como infecção por malware em sites, tentativas de transações fraudulentas e violações em gateways de pagamento.
Os impactos financeiros também escalam: o custo médio de uma violação de dados no varejo atingiu cerca de US$ 3,91 milhões em 2024, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Além do prejuízo financeiro direto, esses incidentes abalam a confiança dos consumidores – 62% dos clientes afirmam não confiar na segurança de seus dados nas empresas de varejo.
Principais riscos: dados, disponibilidade e fraudes
Diversas ameaças cibernéticas impactam o varejo digital moderno, sendo as mais críticas o vazamento de dados sensíveis, indisponibilidade de sistemas, ataques de negação de serviço (DDoS) e fraudes online. Os vazamentos expõem informações confidenciais de clientes, podendo resultar em perda de confiança, penalidades regulatórias e danos à reputação das marcas. A indisponibilidade causada por falhas ou ataques, como o ransomware, paralisa sistemas essenciais, prejudica vendas e pode gerar grandes prejuízos financeiros.
Ataques DDoS, especialmente críticos durante campanhas como Black Friday, derrubam sites ao sobrecarregar servidores com tráfego malicioso, causando perda imediata de vendas e danos à imagem da empresa. Fraudes digitais, como uso de cartões roubados e interceptação de pagamentos, exploram falhas no processo e são difíceis de prevenir devido à velocidade e à ausência de padrões claros. Esses riscos muitas vezes se combinam, reforçando a necessidade de uma abordagem estruturada e holística em segurança digital para mitigar impactos ao negócio.
Governança de TI estruturada: a chave para mitigação de riscos
Para enfrentar as ameaças crescentes, os varejistas digitais precisam adotar uma governança de TI robusta e bem estruturada, baseada em boas práticas e em compliance.
Isso inclui desde planejar antecipadamente respostas a diferentes cenários de ataque, até implantar arquitetura de TI redundante e planos de continuidade de negócios. Com governança, a empresa consegue antecipar ameaças e preparar respostas, em vez de reagir de forma caótica após o dano.
Por exemplo, equipes de segurança bem treinadas e protocolos definidos podem conter um ataque de ransomware antes que ele se espalhe, ou isolar um sistema afetado para manter o restante das operações funcionando. Essa postura proativa reduz drasticamente tanto a frequência quanto o impacto dos incidentes.
Uma governança de TI robusta no varejo digital deve estar fundamentada em pilares essenciais, como políticas claras de segurança que definam protocolos detalhados, auditorias periódicas e capacitação contínua dos colaboradores. Somada a isso, é crucial implementar uma gestão rigorosa de acessos, adotando o princípio do menor privilégio e ferramentas avançadas de autenticação, minimizando vulnerabilidades internas e prevenindo usos indevidos. Complementando essas práticas, é essencial automatizar processos críticos como atualizações de segurança, monitoramento contínuo e backups frequentes, reduzindo erros humanos e acelerando respostas.
Em síntese, à medida que o varejo se torna mais digital e os criminosos cibernéticos mais audazes, investir em governança de TI sólida e em práticas rigorosas de segurança deixou de ser opcional – é um imperativo estratégico para a sobrevivência e sucesso no setor.
Uma governança bem estruturada, apoiada pelas melhores práticas de mercado e pela aderência a normas de compliance, mitiga os riscos cibernéticos e aumenta a resiliência operacional das empresas varejistas. Isso significa proteger os dados críticos e sistemas essenciais contra ameaças, mas também garantir que, mesmo diante de um incidente, a empresa consiga manter suas operações ou se recuperar rapidamente.
O resultado é duplo: preservar a continuidade do negócio e manter a confiança dos clientes em um ambiente de compras digitais seguras. Em um cenário de ameaças em constante evolução, a capacidade de antecipar-se aos riscos e responder de forma eficaz pode definir quais organizações do varejo conseguirão prosperar na era digital de forma segura e sustentável.
Por Luciano Costa, cofundador da Setrion Software