O letramento digital tornou-se um dos grandes desafios do Brasil no caminho para a inclusão social e econômica. Em um mundo em que a tecnologia permeia todas as esferas da vida, a falta de habilidades digitais não só exclui milhões de brasileiros de oportunidades de educação e trabalho, mas também os torna vulneráveis à desinformação e a riscos cibernéticos.
O retrato do letramento digital no Brasil
Uma pesquisa conduzida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em 2024 revelou que apenas 30% da população brasileira possui habilidades digitais básicas, enquanto só 18% atingiram um nível intermediário de proficiência. Os dados expõem uma realidade preocupante: a maioria dos brasileiros encontra dificuldades em realizar tarefas simples no ambiente digital, como acessar serviços públicos online, utilizar ferramentas de segurança na internet ou distinguir informações confiáveis de fake news.
Infraestrutura e capacitação
A infraestrutura deficiente, especialmente em regiões rurais e periféricas, é um dos principais entraves para a expansão do letramento digital no país. Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em seu estudo de 2024, cerca de 35% dos domicílios brasileiros ainda não possuem acesso adequado à internet de qualidade. Além disso, a falta de programas educacionais focados na formação digital impede que alunos e professores adquiram as competências necessárias para navegar no ambiente digital de forma produtiva e segura.
A digitalização de serviços públicos e privados tornou o letramento digital uma competência essencial para a cidadania. Em 2024, o Ministério das Comunicações reforçou a necessidade de se expandir a capacitação digital para reduzir desigualdades.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por meio do Parecer CNE/CEB nº 2/2022, estabeleceu parâmetros claros para o ensino de computação e tecnologia na educação básica. O documento orienta escolas a desenvolverem currículos que contemplem competências digitais como pensamento computacional, uso ético da tecnologia e resolução de problemas, desde os primeiros anos do ensino fundamental.
Além disso, a recém-sancionada Lei nº 15.100/2025 regulamenta o uso de dispositivos eletrônicos em salas de aula, proibindo o uso indiscriminado de celulares, mas permitindo sua utilização pedagógica sob supervisão docente. A medida busca equilibrar disciplina e inovação, permitindo que tecnologias digitais sejam integradas ao ensino com finalidades educativas.
A personalização do ensino é uma das estratégias mais promissoras nesse contexto. O uso de análise de dados para adaptar o aprendizado às necessidades individuais dos alunos tem demonstrado ganhos significativos em alfabetização digital. No Estado de São Paulo, por exemplo, plataformas adaptativas estão sendo testadas para identificar deficiências específicas e oferecer soluções sob medida.
Outro ponto crítico é a exclusão digital dos idosos. Para enfrentar esse problema, foi apresentado na Câmara dos Deputados, em março de 2025, o Projeto de Lei 4263/24, que propõe a criação do Programa Nacional de Letramento Digital para Pessoas Idosas. A iniciativa visa capacitar essa parcela da população e reduzir sua vulnerabilidade frente aos desafios digitais.
Iniciativas em andamento
Várias ações estão sendo implementadas para mitigar os desafios do letramento digital no Brasil. Programas como os Telecentros, que oferecem acesso gratuito à internet e cursos de capacitação tecnológica, têm desempenhado um papel crucial na democratização do acesso à tecnologia. O Programa Acessa São Paulo é outro exemplo de iniciativa que visa fornecer infraestrutura e treinamento digital para comunidades vulneráveis.
Nesse contexto, plataformas digitais como a Britannica Escola, da Britannica Education, surgem como aliadas estratégicas. Voltada para alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, a plataforma promove o desenvolvimento de competências e habilidades alinhadas à BNCC, sendo uma ferramenta complementar ao ensino curricular.
Em Minas Gerais, a parceria entre a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) e a Britannica Education já beneficia mais de 1,6 milhão de estudantes da rede estadual. Além disso, o projeto disponibiliza um acervo digital educativo, contendo dezenas de milhares de artigos, além de mais de 3 milhões de imagens e vídeos voltados para a educação, com direitos de imagem liberados.
Para garantir que os docentes possam utilizar esse acervo de maneira eficaz, 30 professores da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores da SEE/MG participaram de uma capacitação em agosto de 2024. Além disso, a Britannica Education está desenvolvendo conteúdos voltados à cultura mineira, enriquecendo o material educativo e tornando-o mais atrativo para os alunos.
Avanços futuros
A expansão do letramento digital no Brasil depende de mais investimentos públicos e privados, da capacitação de educadores e da criação de programas que alcancem populações marginalizadas. Garantir que todos os brasileiros tenham competências digitais básicas é um passo fundamental para reduzir desigualdades sociais, fomentar a economia digital e fortalecer a democracia em tempos de desinformação.
A transição para um país digitalmente letrado é um desafio, mas também uma oportunidade. Se as políticas certas forem implementadas, o Brasil pode se tornar um exemplo de inclusão digital e preparar sua população para os desafios e oportunidades da era da informação.