Estamos testemunhando uma transformação silenciosa, mas profunda, no cenário global: a ascensão das inteligências artificiais (IAs). ChatGPT (OpenAI), Claude (Anthropic), Gemini (Google DeepMind), Bing AI (Microsoft), Ernie Bot (Baidu), Tongyi Qianwen (Alibaba), Copilot (GitHub/Microsoft), Llama 2 & Llama 3 (Meta AI), Perplexity AI Pi… e muitos outros agentes vêm formando uma cadeia de revolução tecnológica que não se limita à inovação, mas representa algo muito maior: o poder.
Estamos diante de uma guerra fria tecnológica, onde nações e corporações competem pela supremacia em dados, conhecimento e poder econômico através da tecnologia aplicada nas IAs. De acordo com a IDC, a inteligência artificial contribuirá com US$19,9 trilhões para a economia global até 2030, representando 3,5% do PIB mundial. Essa projeção reflete a rápida adoção da IA em diversos setores, impulsionando a transformação digital em escala global e trazendo, como consequência, o status e o poder para as empresas e países que as criaram. Ou seja: a corrida já começou e a linha de chegada não existe. Se existisse, ficaria mais distante a cada nova criação de agentes inteligentes.
Historicamente, os Estados Unidos dominaram o cenário da IA, com gigantes como OpenAI, Google e Microsoft estabelecendo padrões globais. Entretanto, a China emergiu como uma potência tecnológica, desafiando essa hegemonia. Um exemplo notável desse avanço é a Deepseek, empresa chinesa que recentemente lançou um modelo de IA voltado para a análise preditiva de comportamentos e tendências de consumo. Essa tecnologia visa antecipar desejos e necessidades dos consumidores, permitindo que empresas ajustem suas estratégias de mercado com precisão cirúrgica. No setor financeiro, isso se traduz em previsões mais assertivas sobre comportamentos de risco e tendências de crédito, potencialmente redefinindo as regras do jogo em mercados como varejo, marketing e serviços financeiros – mais um exemplo do poder de mercado das IAs.
Paralelamente, a Intel, gigante americana dos semicondutores, nomeou recentemente seu novo CEO com a missão de reposicionar a empresa em um mercado onde concorrentes como Nvidia e AMD têm se destacado. A importância dessa movimentação é clara: sem chips de última geração, as IAs não conseguem operar em tempo real, e a vantagem competitiva se perde. A previsão é que os investimentos em chips para IA ultrapassem US$300 bilhões até o final da década, tornando essa disputa pelo domínio do hardware essencial para o futuro da tecnologia.
A Meta, antigo Facebook, também está intensificando seus investimentos em IA generativa. Seus modelos avançados buscam personalizar anúncios e criar experiências digitais imersivas, transformando a maneira como consumimos conteúdo. Além disso, avanços em IAs generativas de imagem e vídeo, como a Sora da OpenAI e a Gemini IA do Google, estão revolucionando a produção de conteúdo audiovisual. Imagine campanhas publicitárias de alta qualidade sendo criadas em minutos, sem a necessidade de equipes tradicionais de filmagem… Esse futuro já é realidade.
IA redesenhando negócios em diferentes setores
No entanto, a revolução da IA transcende o setor tecnológico, impactando áreas como finanças, varejo e marketing. A capacidade de prever comportamentos e tendências de consumo permite maior personalização, alterando a dinâmica entre empresas e consumidores. No setor financeiro, modelos preditivos aprimoram a gestão de riscos e a tomada de decisões, enquanto no varejo, a análise de dados em tempo real redefine estratégias de mercado e relacionamento com clientes.
No mercado financeiro esse cenário exige uma reflexão profunda. Se a IA pode antecipar comportamentos, ela também redefine a percepção de risco. Se pode gerar conteúdo e campanhas em tempo real, cria novas dinâmicas de consumo e fidelização. O futuro do crédito, da análise de inadimplência e do relacionamento com o cliente está sendo moldado agora por algoritmos que operam incessantemente. Mais do que nunca, ética, transparência e governança no uso da IA devem caminhar lado a lado com a inovação. Porque, nesta guerra fria tecnológica, quem liderar a inteligência artificial não apenas dominará o mercado, mas também definirá os rumos do novo mundo que está emergindo.
A corrida pela supremacia em IA configura uma nova era de competição global, onde eficiência, inovação e estratégia determinarão os líderes do futuro. Empresas e nações que conseguirem equilibrar esses fatores, respeitando valores éticos e sociais, estarão melhor posicionadas para liderar essa transformação. A história nos mostra que em períodos de intensa competição tecnológica, surgem oportunidades para redefinir o progresso humano. Cabe a nós, como sociedade, direcionar essa evolução para um futuro mais justo.