A eficiência operacional é o principal objetivo das cadeias logísticas modernas, mas há um elo ainda negligenciado: a comunicação no pátio. Em centros de distribuição cada vez mais conectados, o fluxo interno de veículos e a interação com os motoristas continuam dependentes de processos falhos e, muitas vezes, manuais. Essa desconexão, que parece um detalhe operacional, é na verdade um ponto crítico que prejudica a produtividade e aumenta os custos.
A má gestão da comunicação entre equipes, motoristas de frotas próprias ou terceirizadas e operadores pode gerar atrasos significativos e perdas financeiras. Quando um motorista não sabe onde ir, a doca não sabe quem chegou, e o operador não tem clareza sobre o status da fila, todo o sistema se torna vulnerável. O tempo de espera de veículos nos pátios é um problema comum, que causa prejuízos consideráveis e, o mais importante, é completamente evitável.
A tecnologia, por si só, não é capaz de resolver todos os desafios. Embora a digitalização seja um caminho sem volta, a adoção de ferramentas precisa vir acompanhada de uma mudança de cultura e de processos. Muitos motoristas já utilizam aplicativos de navegação e comunicação pessoal, o que mostra que o obstáculo não é o acesso à tecnologia, mas sim a falta de familiaridade com plataformas corporativas e a ausência de treinamentos. A inclusão digital no pátio exige interfaces intuitivas e capacitação contínua, prática e acessível.
Apesar de haver críticas sobre o tempo e custo de investimento em novos sistemas e em capacitação, é importante destacar que essa visão ignora os gastos ocultos que surgem com a manutenção de processos ineficientes. Os custos de um veículo parado por horas, somados aos impactos na produtividade e no cronograma de entregas, demonstram que o investimento em tecnologia e em capacitação é, na verdade, uma decisão estratégica.
Mais do que simplesmente adotar ferramentas, é fundamental estabelecer rotinas claras, canais de comunicação padronizados e incentivar uma cultura baseada na transparência. Cada participante deve compreender seu papel na operação, com autonomia para reportar, responder e ajustar rotas com base em informações em tempo real. Treinamentos específicos para cada perfil, desde operadores até motoristas, são essenciais para que a transformação digital funcione efetivamente na prática.
O pátio é o primeiro contato físico do motorista com a operação e, muitas vezes, é onde se define a percepção de eficiência da empresa. Otimizar esse ambiente é mais do que uma questão de produtividade: é um investimento que conecta tecnologia, pessoas e processos para criar uma eficiência real e sustentável.
*Vitor Rocha é especialista em marketing e analista na LogPyx.