Empreender sendo mulher no Brasil é um desafio. Nossas empreendedoras abrem seus negócios, geram empregos, lideram equipes, criam filhos, cuidam da casa, enfrentando uma jornada dupla ou tripla, quase sempre muito cansativa, que acaba comprometendo o equilíbrio emocional e a saúde mental.
Muitas empresárias começaram a olhar para essa situação há alguns anos, quando seus colaboradores passaram a ter depressão, serem afastados por burnout ou crises de ansiedade. Para trazer um olhar mais amplo e humano para a saúde, em 2020 o Ministério do Trabalho alterou a NR-1, que, a partir da sua implementação no dia 25 de maio de 2026, irá incluir os riscos psicossociais, como estresse, assédio, sobrecarga emocional e burnout na lista de obrigações legais das empresas.
A nova norma exige que os empregadores considerem o bem-estar emocional e mental dos trabalhadores ao incentivar uma cultura de trabalho mais saudável, equilibrada e consciente, onde cuidar da saúde mental é tão importante quanto garantir a integridade física. Isso vale para empreendedoras de todos os tamanhos, as que têm lojas, salões de beleza, restaurantes, empresas ou qualquer outro tipo de negócio.
A NR-1 Vai exigir que todas as empresas — inclusive as pequenas — mapeiem os riscos do ambiente de trabalho, como acidentes ou produtos perigosos, e os riscos emocionais, como o estresse, pressão constante, excesso de responsabilidades, assédio moral e esgotamento mental para reduzir os casos de depressão, ansiedade, suicídio e burnout no ambiente de trabalho.
Além do garantir o bem-estar dos colaboradores, a pesquisa “Empreendedoras e seus Negócios 2023”, conduzida pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), traz um olhar para as mulheres que empreendem. Ela aponta que que mais da metade das empreendedoras brasileiras também enfrentam crises de ansiedade e um terço tem sintomas de depressão ou outro problema de saúde mental.
Para contribuir com o bem-estar das empreendedoras, elas podem contar com o CMEC – Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura – órgão da CACB, FACESP e da ACSP – que tem mais de mais de 900 conselhos distribuídos em todo o país, onde elas podem se capacitar, receber apoio e compartilhar suas experiências com outras mulheres que enfrentam os mesmos desafios, contribuindo para que se sintam valorizadas e acolhidas para que possam construir uma forma mais leve e saudável de empreender.
Em relação às mudanças que serão implementadas com a nova NR-1 é fundamental que as empreendedoras e suas equipes estejam informadas sobre a lei que está disponível na página do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no site www.gov.br/trabalho que disponibiliza a NR‑1 atualizada e responde as dúvidas sobre o assunto.
Ana Claudia Badra Cotait é presidente do CMEC – O Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura – órgão da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (FACESP) e da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) – que atua como um fórum de referência de estudos, debates e inspirações à mulher empreendedora, além de desenvolver ações, campanhas e projetos sociais e culturais. Também atua como instrumento para que lideranças femininas discutam seus problemas e apresentem propostas que mobilizem a comunidade empresarial e a sociedade organizada. Possui mais de 900 conselhos da mulher, distribuídos pelo Brasil.