O mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A) segue em processo de maturação e cada vez mais integrado ao ecossistema de Inteligência Artificial (IA). Mais da metade das startups brasileiras utilizam a tecnologia e 31% desenvolvem produtos baseados em IA, conforme a pesquisa Unlocking the Potential of AI in Brazil, feita pela AWS. O estudo mostra também que 78% das empresas entrevistadas acreditam que o uso de novas tecnologias pode ser a chave de virada nos negócios nos próximos cinco anos.
O levantamento traz ainda outro ponto relevante: enquanto 31% das empresas desenvolvem novos produtos baseados em IA, 37% já direcionam esforços para atrair talentos em desenvolvimento tecnológico, ampliando o foco para além da aplicação da inteligência artificial.
Marcel Malczewski, CEO da Quartzo Capital, observa que startups que avançam na eficiência operacional, estruturam sua tomada de decisão com base em dados e incorporam automação e personalização tecnológica geram um posicionamento mais competitivo e, consequentemente, maior atenção dos investidores. “Sobretudo em um ambiente de capital mais seletivo, mas os movimentos de M&A só geram valor quando há alocação eficiente de capital”, disse Malczewski durante palestra sobre estratégias de M&A, realizada em Curitiba, nesta terça-feira (2).
No terceiro trimestre, o Brasil registrou 252 operações no setor de tecnologia, de acordo com o balanço divulgado pelo TTR Data. No período, foram totalizados 1.303 operações de M&A no país.
M&A mantém crescimento tímido em 2025
O relatório mais recente da TTR Data, em outubro, mostra um leve crescimento no mercado de fusões e aquisições no Brasil no comparativo do mesmo período com 2024. Nos 10 primeiros meses do ano, foram registradas 1.475, um crescimento de 5% no número de transações e 2% na mobilização de capital em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo o relatório, o volume gerado pelas transações no Brasil neste período foi de R$ 218 bilhões.
Segundo Gustavo Budziak, sócio-diretor da Quartzo Capital, um dos principais fatores que assusta o investidor na hora de fazer uma operação de M&A é a alta taxa de juros. Nos últimos três anos a taxa Selic bateu recordes históricos de alta com variação de 10,2% a 15%, mantendo a máxima nos últimos seis meses, de acordo com dados do Banco Central (BC). “A manutenção da taxa Selic deixa o investidor receoso e ele acaba optando por deixar o dinheiro parado a arriscar em um movimento de M&A, que é um movimento de risco”, pontuou Budziak.
No entanto, segundo o especialista, investidores têm buscado alternativas para operações de M&A principalmente as SaaS e fintechs. “A redução nos valuations dessas empresas as tornou mais atrativas para operações de M&A, mas também percebemos uma mudança dentro das empresas que estão não apenas buscando outras para comprar, mas criando seus próprios CVCs (Corporate Venture Capital) em busca de novas tecnologias para inserir em seus produtos”.

