A forma como consumidores brasileiros descobrem produtos e realizam compras online passa por uma mudança profunda. Um estudo da Cadastra em parceria com a Similarweb mostra que ferramentas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, estão redesenhando o caminho até o consumidor e alterando a lógica do marketing digital no país.
A pesquisa, intitulada “O Futuro da Busca: como a IA generativa está redefinindo o caminho até o consumidor”, analisou o comportamento de busca e tráfego online entre janeiro de 2023 e agosto de 2025. O levantamento aponta que o ChatGPT concentra 99% do mercado nacional de ferramentas generativas e gerou mais de 6,1 milhões de visitas de referência para os dez maiores e-commerces brasileiros. O Mercado Livre lidera com 1,8 milhão de acessos, seguido por OLX (914 mil) e Amazon (840 mil). Magalu, Shopee e Temu completam o ranking, evidenciando que a IA já se tornou um canal central na jornada de descoberta de produtos, reduzindo a dependência das buscas tradicionais.
A plataforma da OpenAI acumula mais de 310 milhões de visitas mensais, crescimento de 124% em 12 meses. O Perplexity, segundo colocado, registrou pouco mais de 2 milhões de acessos — ainda longe do alcance do ChatGPT, mas com alta de 131%. Esses números indicam que o consumidor brasileiro migra gradualmente para fluxos de consumo mediados por IA, com impacto direto em estratégias de visibilidade online.
Esse avanço marca o início da chamada busca conversacional preditiva, em que consultas funcionam como diálogos contínuos, com mais detalhes e contexto. Enquanto buscas tradicionais no SEO têm, em média, quatro palavras, as interações com IA chegam a 23 palavras e sessões superiores a sete minutos. Nesse ambiente, palavras-chave perdem força e ganham relevância respostas objetivas, estruturadas e contextuais — essenciais para que marcas sejam citadas como fontes confiáveis pelos modelos.
O Brasil já ocupa a terceira posição no tráfego global dessas plataformas, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Entre janeiro e agosto de 2025, o Google registrou queda de 0,88% no tráfego nacional, chegando a 38,57 bilhões de visitas; no mesmo período, o ChatGPT cresceu 71,9%, alcançando 1,97 bilhão de acessos e concentrando 67% do tráfego entre os principais chatbots do país. Em 12 meses, aumentou 260,7% em audiência, com média de 252,9 milhões de visitas mensais e 24,1 milhões de visitantes únicos. Tendências semelhantes aparecem nos EUA: usuários que utilizaram o ChatGPT por quatro meses passaram a clicar 26% menos em links do Google.
O impacto dessa mudança no desempenho dos e-commerces já aparece nos dados. Nos Estados Unidos, quase 60% dos consumidores usam IA generativa para tomar decisões de compra online. No Brasil, os dez maiores e-commerces receberam mais de 6 milhões de visitas originadas no ChatGPT entre 2023 e 2025. A tecnologia encurta a jornada, reduz o intervalo entre descoberta e decisão de compra e tende a acelerar ainda mais esse processo com a chegada do Instant Checkout, que permitirá transações diretas dentro da plataforma.
O público mais ativo é jovem: usuários entre 18 e 34 anos representam quase 60% da base do ChatGPT. Setores distintos revelam padrões próprios. No varejo farmacêutico, o uso da IA se concentra em comparações de preços; na moda, marketplaces de produtos usados, como o Enjoei, recebem forte volume de tráfego; no segmento de viagens, apps de mobilidade como Uber superam plataformas de hospedagem e passagens, indicando preferência por soluções imediatas.
Para Hygor Roque, Head of Marketing daDivibank, otimizar conteúdos para IA generativa exige clareza, estrutura e precisão. “O desafio não é apenas aparecer, mas ser reconhecido como referência confiável, transformando visibilidade em conversão e consolidando presença de marca em um cenário digital em rápida transformação”, afirma. Caso tenha interesse na pauta, basta me avisar que faço a ponte com a executiva.

