De um ano para o outro, o número de altos executivos que incluem a IA diretamente na estratégia de negócios subiu de 76% para 82%, e quase metade já integra a tecnologia em seus produtos ou testa em outras áreas. Os dados são do relatório Data, Analytics, and Artificial Intelligence Executive Organization and Compensation Survey, da Heidrick & Struggles, que aponta a IA como um dos principais requisitos para executivos nos próximos anos. Embora o entusiasmo pela tecnologia siga forte, cresce o foco em retorno sobre investimento, com líderes abordando a IA de forma mais estratégica.
Para Paulo Mendes, sócio e líder da Heidrick & Struggles na América Latina, essa mudança de mentalidade tem relação direta com o perfil da nova geração de executivos. Segundo ele, “estamos vendo surgir líderes mais tecnológicos e preparados para usar a IA de forma estratégica, transformando processos de ponta a ponta e elevando o nível de competitividade das empresas. Essa transição marca um momento importante, em que a liderança deixa de apenas adotar ferramentas e passa a enxergar a inteligência artificial como parte essencial da estratégia corporativa”.
O estudo, que revela a adoção e preparo de C-levels em 2024, aponta que líderes mais avançados estão apenas começando a desbloquear todo o potencial da IA. Sua implementação bem-sucedida exige liderança estratégica e colaboração multifuncional e 59% dos c-levels que participaram do levantamento, concordaram que já tem recursos suficientes para o período orçamentário atual para atender às expectativas de sua organização.
O levantamento, que também detalha o comportamento e tendências de carreiras executivas em 2024, mostra que as responsabilidades de dados, análise e inteligência artificial são gerenciadas por pessoas com cargos como diretor de dados e análise e líder sênior de dados e análise. Em 2024, 49% dos entrevistados ocupam cargos de nível C, ante 44% em 2023.
“Sem a participação direta do executivo, há risco de esforços duplicados. Centralizar e otimizar as iniciativas pode mitigar esse risco e garantir uma integração mais eficaz da IA. Ainda existe escassez de talentos com conhecimento tecnológico adequado, e essa lacuna deve se prolongar pelos próximos três a seis anos. Nesse período, veremos surgir uma nova geração de líderes mais preparados para explorar a IA de forma estratégica e transformar processos de negócios de ponta a ponta”, afirma Mendes.
No último ano, os entrevistados mostraram-se, em geral, otimistas tanto em relação ao próprio futuro quanto à governança de longo prazo de suas empresas. Dois terços acreditam que podem progredir dentro da própria organização, sem a necessidade de sair, e mais da metade (59%) sente que já possui um sucessor preparado, tão qualificado quanto, ou até mais do que, o que o mercado externo pode oferecer.
À medida que dados, analytics e IA se tornam cada vez mais centrais para a estratégia de negócios, as organizações precisam garantir que as questões relacionadas a talentos estejam integradas à estratégia corporativa. “Não planejar a sucessão e não oferecer oportunidades de crescimento pode levar à perda de excelentes líderes que, de outra forma, permaneceriam na empresa se enxergassem um caminho claro de desenvolvimento interno”, conclui Mendes.

