O Mercado Livre e o Grupo Casas Bahia anunciaram uma parceria que permitirá a venda de produtos da varejista, como eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, diretamente na plataforma de e-commerce a partir de novembro. A iniciativa transforma o marketplace latino-americano no principal canal para esses itens, enquanto a varejista continuará responsável pela logística dos produtos de grande porte.
O movimento une dois modelos de negócio distintos, pois a Big Tech do varejo online atua majoritariamente como hub de comércio eletrônico, conectando vendedores a consumidores, enquanto a empresa fundada por Samuel Klein é, tradicionalmentem uma varejista direta, com controle sobre estoques e logística. A colaboração amplia a experiência digital com produtos de forte apelo de consumo, oferecendo conveniência e confiabilidade, especialmente na entrega de itens volumosos.
Para a Casas Bahia, a aliança representa uma oportunidade de expandir seus canais de venda em um momento de ajustes internos e reestruturação financeira iniciada em 2023. Já para o Mercado Livre, a parceria supre uma lacuna importante: a empresa ainda tem participação limitada no segmento de eletrodomésticos de grande porte, onde busca replicar o domínio conquistado em categorias menores.
O acordo reflete uma tendência mais ampla no varejo brasileiro: a integração entre canais digitais e operações tradicionais. Plataformas de marketplace oferecem escala e alcance, enquanto varejistas consolidadas mantêm expertise logística e relacionamento direto com o consumidor. Essa combinação pode redefinir o comércio de eletrodomésticos e eletrônicos, ao mesmo tempo em que aumenta a competitividade e fortalece a presença digital de marcas já estabelecidas.
Para Rebecca Fischer, co-fundadora e Chief Strategy Officer (CSO) da Divibank, a verdadeira transformação do varejo brasileiro vai além da tecnologia e exige um salto cultural, educacional e logístico. “A inovação precisa deixar de ser um projeto de PowerPoint e se tornar uma realidade operacional, inclusiva e escalável”, afirma.
Embora os termos financeiros e projeções de vendas não tenham sido divulgados, a parceria reforça a importância de alianças estratégicas que conciliem eficiência operacional, experiência do cliente e expansão digital, em linha com movimentos semelhantes observados no setor, como a colaboração entre Magazine Luiza e AliExpress no ano anterior.

