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TikTok como laboratório: o que as marcas podem aprender com a Geração Z?

O TikTok consolidou-se como lago muito além de uma rede social: é um laboratório cultural onde a Geração Z redefine as regras do consumo e do engajamento. Sua dinâmica acelerada, impulsionada por um algoritmo que privilegia a descoberta em vez de seguidores, transformou a plataforma em um termômetro de tendências globais. Movimentos como #CleanTok, que popularizou hábitos de organização, e o #BookTok, que revitalizou o mercado editorial, demonstram como a plataforma antecipa demandas antes mesmo que elas se tornem mainstream (conceito que expressa uma tendência). Para as marcas, monitorar essas trends não é suficiente — é preciso mergulhar nas narrativas por trás delas, compreendendo os valores que impulsionam cada viralidade, como a inclusão, o humor ácido e o questionamento de normas sociais. 

Um erro comum entre empresas é acreditar que replicar formatos virais garante sucesso. Vídeos que “explodem” no TikTok são produtos de contextos únicos: combinam timing preciso, autenticidade e conexão com momentos culturais específicos. O “Silhouette Challenge”, por exemplo – desafio viral em que os participantes faziam vídeos de si mesmos dançando em silhueta, com um filtro que escondia os detalhes do corpo, viralizou não apenas por sua estética, mas por capturar a busca por autoexpressão pós-isolamento. Marcas que imitaram o desafio sem compreender esse contexto fracassaram, evidenciando que a viralidade não se compra — conquista-se com sensibilidade ao cenário cultural. 

Para se adaptar, as marcas precisam priorizar a autenticidade em vez de roteiros perfeitos. A Geração Z rejeita discursos ensaiados, e valoriza conteúdos crus e espontâneos, como demonstrou a companhia Ryanair, ao adotar um humor autodepreciativo em seus vídeos e conquistar relevância de forma orgânica. Agilidade também é crucial: o TikTok exige experimentação constante, com testes rápidos, análise de dados em tempo real e ajustes ágeis. A Duolingo exemplifica essa abordagem ao adaptar seu mascote, o Duo, a memes absurdos, ajustando o tom conforme o feedback imediato da comunidade. Por fim, é essencial que as marcas colaborarem com criadores e usuários, cocriando em vez de impor narrativas. A Chipotle, por exemplo, não apenas patrocina desafios, mas também incorpora sugestões do público em seu cardápio, transformando consumidores em parceiros ativos. 

O legado do TikTok para o marketing está na substituição da obsessão por viralidade pela busca por relevância cultural. Isso demanda humildade para ouvir, coragem para errar e flexibilidade para aprender com a comunidade. A Geração Z não quer ser apenas um público-alvo — ela exige protagonismo. Nesse ecossistema caótico e em constante evolução, destacam-se as marcas que internalizam a adaptabilidade como parte de seu DNA, entendendo que a cultura não se controla — se dialoga com ela. O futuro pertence a quem enxerga o TikTok não como um palco para discursos prontos, mas como uma conversa viva, repleta de insights para quem está disposto a escutar e evoluir junto.

Rodrigo Borsatto Sommer da Silva
Rodrigo Borsatto Sommer da Silva
Rodrigo Borsatto Sommer da Silva é Coordenador do curso em Marketing Digital na UNIASSELVI.
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