Com a proximidade do Dia das Mães, é tempo de celebrar não só o afeto e a dedicação materna, mas também reconhecer o impacto que a maternidade tem em diferentes esferas da vida, incluindo na área profissional. Pensando no setor de tecnologia, cada vez mais mulheres conciliam os desafios da criação de filhos com a carreira, em um ambiente dinâmico e em constante transformação.
De acordo com uma pesquisa conduzida em 2023 pela consultoria Elliott Scott HR Brasil, 69% das trabalhadoras com filhos na primeira infância acreditam que o crescimento profissional é mais lento comparado àquelas que não são mães. O dado reforça os obstáculos ainda enfrentados por genitoras no meio corporativo, especialmente em áreas altamente competitivas e, geralmente, dominadas por homens.
Ainda assim, muitas dessas protagonistas têm transformado a maternidade em uma fonte poderosa de aprendizado, resiliência e liderança. Neste cenário, mães que atuam no mercado tech compartilham como a experiência da maternidade influenciou diretamente suas jornadas profissionais. Confira:
Maria Fernanda Antunes Junqueira — Fundadora do CUPONATION
“A maternidade me ensinou a priorizar o que realmente importa, a deixar de lado a procrastinação e a estabelecer limites com mais clareza. Cuidar dos meus filhos e lidar com os desafios diários desse papel me tornou mais resiliente e preparada para o inesperado. Aprendi que não temos controle sobre tudo, e tudo bem. Foquei no que está ao meu alcance e passei a confiar mais na minha equipe e na rede de apoio, o que abriu espaço para novas ideias e soluções mais criativas.”
Renata Khaled — Vice-presidente de Vendas da Tuna Pagamentos
A maternidade trouxe desafios e aprendizados profundos para Renata Khaled, que viu a carreira transformar-se após o nascimento da filha Ísis, em 2015. Ao retornar da licença-maternidade, a executiva decidiu buscar novos rumos e trabalhou para um grande marketplace, onde liderou a área de hunting. “A dupla jornada exigiu organização e resiliência, especialmente como mãe solo, mas também me levou a priorizar eficiência e autonomia no trabalho”, conta a atual vice-presidente de vendas da Tuna.
Apesar de enfrentar preconceitos, como a sugestão de “evitar contratar mães”, encontrou acolhimento e boa parte da carreira após o nascimento da filha, onde a transparência sobre a rotina familiar foi valorizada. Hoje, lidera um time majoritariamente feminino, com orgulho de incluir mães de crianças pequenas. “A empatia que encontrei me ajuda muito na gestão. Para mim, a preocupação com a família está acima de qualquer meta”, reforça. “Ver essas mulheres crescerem profissionalmente me enche de orgulho, especialmente quando criam memórias significativas com os filhos. O exemplo inspira e multiplica — estamos formando mulheres resilientes que naturalmente irão empoderar outras no futuro”, finaliza.
Camila Shimada — Head de Marketing e Recursos Humanos da Lerian
Mãe de quatro filhos pequenos, Camila destaca como a maternidade moldou sua visão de liderança: “Ser mãe me ensinou que o tempo é um recurso precioso — e que cuidar é uma forma potente de liderança. A maternidade me trouxe uma escuta mais atenta, um olhar mais sensível para as pessoas e uma urgência diferente para as decisões do dia a dia. No trabalho, isso se traduz em empatia real, vontade de incluir e em uma intuição afiada sobre o que precisa de atenção agora — e o que pode esperar.”
A executiva, que ao longo da construção de ser mãe já passou por diversas empresas de grande porte na área do marketing, reforça como o dinamismo da maternidade a preparou para os desafios do mundo tech. “Conciliar a rotina com o ritmo de uma startup nunca é simples, mas é justamente esse dinamismo que me fortalece. Aprendi a ser mais flexível, criativa e presente. A maternidade não me afastou da minha carreira, ela me aprofundou nela e trouxe visões que aplico no meu dia a dia. Construir ambientes mais humanos e acolhedores é também uma forma de cuidar do futuro que quero para meus filhos”, finaliza.
Maísa Amaral — co-fundadora e Head Jurídica e de Compliance da Lerian
Maísa também encontrou na tecnologia uma aliada para conciliar carreira e maternidade. “Foi justamente depois da maternidade que entendi o quanto o setor de tecnologia podia ser um aliado para manter minha carreira ativa sem abdicar da presença na rotina dos meus filhos. A possibilidade real de trabalhar em home office me fez buscar cada vez mais espaço nesse setor — me especializei, mudei de rota quando precisei, e hoje faço questão de continuar nesse ecossistema que oferece mais flexibilidade e autonomia”, afirma.
Além da adaptação profissional, ela ressalta um propósito maior. A head jurídica e de compliance da Lerian acredita que ser mãe a fez assumir um compromisso pessoal com a construção de ambientes de trabalho mais equilibrados. “Defendo o trabalho remoto, horários flexíveis e uma cultura baseada em confiança e resultado. E, atuando no setor tech, também tenho o cuidado de pensar em como usamos as ferramentas que criamos: que elas estejam a serviço das pessoas, e não o contrário”, conclui.
Simone Gasperin – Sócia & Head de Marketing e Growth da BPool
Para Simone, a maternidade trouxe não só transformações pessoais, mas também na forma como encara sua carreira. “A maternidade me transformou — como pessoa e como profissional. Passei a ter mais consciência de quem eu sou, do que posso construir e, com a mesma clareza, das minhas limitações. Aprendi (e sigo aprendendo todos os dias) a cuidar melhor do meu tempo, das minhas escolhas e a não me deixar para depois. Ser mãe é viver o amor mais profundo que existe — e também a responsabilidade mais intensa. É um exercício diário de presença, coragem e equilíbrio”, finaliza.